Kickoff na carreira de profissional de projetos

Desde que comecei a atuar como consultor e professor na graduação de administração de empresas há alguns anos, não é raro alguns alunos me procurarem pedindo alguma direção para iniciar sua carreira na área de projetos. Hoje em dia não mais ministro aulas para graduação, mas encontrei ao menos o dobro de profissionais nos cursos de Pós graduação e MBA que me procuram buscando uma direção em como entrar no mercado de projetos. O objetivo deste post é trazer uma luz para que o leitor possa fazer sua própria leitura do ambiente em que lida, identificando as oportunidades, desafios e escolhas que inevitavelmente irá se deparar durante seu crescimento profissional na área.

Boa leitura !

Em 2012, era docente em um centro universitário de Minas Gerais e me deparei com um pedido de conselho para uma aluna da cadeira de Integração em Projetos. Inicialmente o contato foi feito por email, onde me pediu sugestões de início para a área e sobre a escolha de certificações para melhorar suas chances de transição. Sua dúvida girava em torno de um questionamento:

“- Professor, o que o senhor acha de fazer a certificação PMP primeiro, mesmo não tendo experiência ? Sei que é somente estudar e apontar experiências que ainda não tenho, mas certamente as terei após esta certificação”

Diante de um pedido de apoio como este, defini alguns pontos que julgo no esclarecedores para aqueles que desejam ser inseridos no ambiente de projetos das empresas em que atuam e no mercado.

1 – Carreira em “Y” e a Gestão de Projetos

Apesar de conhecer muitos fundamentalistas nestas definições, a minha percepção me leva a pensar que o crescimento linear para qualquer um dos caminhos que se deseja desenvolver (gestão ou especialização), são exigidas capacidades complementares e algumas vezes encontradas na trilha oposta. Exemplo: Alguém que deseja se desenvolver como GESTOR DE PROJETOS, precisa necessariamente se desenvolver em ferramentas especialistas como GANTT, Cronograma, Fluxo de caixa e etc. Além disso, para a carreira especialistas quanto mais alto chegam na hierarquia da empresa, mais necessitam de habilidades gerencias como uma comunicação eficaz, liderança e capacidade de planejamento.

Como resumo, convido meus alunos e orientandos a identificar quais habilidades são necessárias para o objetivo profissional que você possui. Primeiro o objetivo, depois os requisitos e logo após a auto avaliação procurando conhecer quais lacunas de conhecimento deverão ser preenchidas e em quanto tempo. Isto é planejamento !

* Em meu post http://goo.gl/hM8Z2A desenvolvi uma metodologia para priorização de projetos pessoais (PPP).

2 – Modelos de competências para o gerente de projetos

Existem várias iniciativas na busca pelo mapeamento das competências necessárias ao gerente de projetos. Uma delas é o PMCD (Project Management Competency Development), publicada pela primeira vez em 2007 pelo PMI. Esta procura identificar e apontar as habilidades necessárias para cada evento do ciclo de vida de projetos, seja um grupo de processos, fases, áreas de conhecimento ou mesmo as saídas. Entre os livros publicados, adquiri um específico que trata da inteligência emocional para gerentes de projetos, acesse em http://goo.gl/VzwYvZ. Gostei da compilação, apesar de não ser conclusiva, respeita a adversidade necessária para atuar nesta função, sem encerrar o assunto mas ampliando a visão dos requisitos para atuação na área.

O mais importante disso é trazer uma dose de ceticismo. Todas as habilidades que se espera encontrar em um gerente de projetos muitas vezes deveriam ser atribuídas ao especialista. O reflexo da baixa cultura em gestão de projetos é a atribuição mais que gerencial ao gerente, acumulando aos requisitos técnicos que a empresa espera encontrar em um profissional que considera completo.

O que podemos fazer neste cenário? Sugiro sempre, aumentar ao nível de excelência através da cultura de projetos, para que possamos não somente atuar como agentes transformadores, elevando a cultura em gestão de projetos da empresa, mas também sendo capazes de avaliar o quanto deixamos de aprender ao permanecer atuando nestas.

3 – Pós, MBA, Certificação ou experiência no mercado?

Um caminho que considero mais proveitoso seria a graduação, certificação e pós graduação. Porém, tudo dependerá do momento em que o profissional se encontra na carreira. O importante, que sugiro aos profissionais que me procuram, é buscar a formação complementar, avaliando se é agregador uma certificação em projetos, uma especialização ou mesmo um MBA em projetos na mesma trilha profissional. Da mesma forma em que é necessário se estabelecer bases sólidas conceituais, a amplitude de conhecimento poderá ficar comprometida com formações redundantes, mesmo que seja específica em gestão de projetos.

4 – “A empresa em que trabalho não me oferece oportunidades na área de projetos”

Procure se identificar em uma das situações:

1)     A empresa possui maturidade em gestão de projetos mas não cumpro os requisitos para assumir um posto que desejo;

2) A empresa possui maturidade em gestão de projetos, apesar de ter os requisitos não tenho oportunidades na área de projetos;

3) A empresa possui baixa cultura em gestão de projetos e não possuo os requisitos para assumir um papel de líder nesta transformação;

4) A empresa possui baixa cultura em gestão de projetos e posso assumir o papel de desbravador/inovador rumo à maturidade na área.

Este tópico mereceria um artigo em separado, porém de forma objetiva, a relação profissional sempre deve ser pautada na perspectiva dos ganhos mútuos. Assuma a responsabilidade de guiar sua carreira – com certificações, formação, habilidades interpessoais, conhecimentos especialistas, etc. Não isente a empresa da responsabilidade de não oferecer oportunidades para o seu desenvolvimento, porém não seja fatalista, boa parte dos profissionais que conheço colocam estas falhas da empresa a frente de suas fraquezas, o que não é bom para nenhuma das partes.

Vale a máxima: “Minha é a responsabilidade de me tornar atraente para o mercado” e “Neste ponto, qual a troca justa poderá ocorrer entre o que posso oferecer a empresa e o que a empresa pode me agregar ?”

5 – Falar a verdade

Sugeri a aluna, que citei no início deste artigo, que me procurasse para falar melhor sobre oportunidades e requisitos profissionais da área de projetos. O que a fez compreender a armadilha em que iria se encontrar foi a seguinte pergunta:

“ Se você fosse responsável por contratações na empresa e recebesse um currículo de um profissional em início de carreira, com alguns cursos técnicos específicos da área de graduação, nunca liderou uma equipe e com certificação PMP. Você contrataria para as vagas de gerente de projetos, analista de projetos ou não contrataria ?”

Depois de um breve silêncio, ela percebeu que as portas poderiam se fechar diante de um perfil no mínimo conflitante. Como um profissional certificado como gerente de projetos, considerando a boa fé do candidato ao emprego, não possui experiência ?

Nesta brecha transcorri sobre as certificações de início de carreira em projetos como a CAPM (Certified Associates in Project Management) do PMI, além de oportunidades para atuar como voluntária em grandes projetos em instituições como PMI, ONG’s, etc.

Sobre o Colunista: