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Lean Manufacturing e Olimpíadas: eliminando desperdícios e superando recordes

Publicado em 29/08/2016

O esforço de dias, semanas, meses e anos para o apogeu dos jogos olímpicos: o ouro. Além do ouro, bater recordes é a meta ambiciosa de todo atleta. Somente ter talento não garante nenhum pódio e resultado glorioso. O objetivo deste artigo é demonstrar a ferramenta de análise de desperdício do Lean Manufacturing para eliminar os milésimos de segundos, superando os recordes e alcançado métodos melhores. Ao final, propõem-se a observação dos desperdícios elencados pelo Muda, Mura e Muri e entender a relação com as modalidades dos jogos Olímpicos.

Lean Olimpíadas

Figura 1 – Lean Manufacturing e Olimpíadas: juntos eliminando desperdício

INTRODUÇÃO

Nestas edições das Olimpíadas Rio 2016, 42 modalidades foram disputadas pelos diversos atletas, desde Atletismo ao Vôlei de Praia. Períodos exaustivos de preparação e dedicação extrema foram despendidos para que neste período fossem apresentados ao mundo quais são os melhores atletas e equipes que representam os países de origem. Milésimos de segundos separam o pódio do fracasso, da glória da derrota, da celebração do inconformismo.

Ter apenas talento e vocação para alguma modalidade de esporte não garante sucesso para o atleta ou à equipe. Pode ser um fator diferencial e positivo, mas não é apenas isso que geram os resultados. Sem entender o que realmente está agregando valor à execução da modalidade e quais desperdícios estão dificultando o progresso do resultado, não refletirá diferencial em relação aos concorrentes.

Afinal de contas, o que o Lean Manufacturing tem haver com as Olimpíadas? Existe efetivamente a produção de algum produto ou serviço? Existe, no ato da execução do esporte, a prestação de serviço para que possa caracterizar elementos que possam ser empregados o Lean Manufacturing? No ato de cada modalidade é produzido algo para empregar o Lean Manufacturing ou alguma prestação de serviço para a aplicação do mesmo. Então, em que o Lean Manufacturing pode se relacionar com as Olimpíadas?

DESENVOLVIMENTO

Um dos diferenciais das equipes e atletas é a observação de melhores práticas dos seus próprios movimentos e de seus concorrentes. O modo de execução de uma braçada na piscina, o modo como arremessa um dardo, o sincronismo de um movimento nos saltos ornamentais. Todos são exaustivamente observados e cada instante para busca da melhor execução e, por conseqüência, a perfeição.

O VSM[1] (Mapeamento de Fluxo de Valor) busca minimizar o NVAA, ou seja, eliminar as atividades que não agregam valor dentro do processo de fabricação ou prestação de serviço. Muda, mura e muri são ferramentas complementares que demonstram, a partir de sua própria metodologia, onde os desperdícios ocorrem.

Muda é qualquer atividade de um processo produtivo ou administrativo que não agrega valor ao cliente, ou seja, um desperdício. Existem dois tipos de Muda: tarefas que não agregam valor e são desnecessárias – devem ser eliminadas; tarefas que não agregam valor e são necessárias – devem ser reduzidas.

Mura é qualquer variação percebida no processo e que gera dificuldades de controle. […] A existência da Mura em um determinado processo pode indicar desbalanceamento ou falta de padronização.

Muri significa sobrecarga. Para as pessoas, sobrecarga física ou mental. Para as máquinas, exigir que elas façam mais do que são capazes de produzir.” (http://www.nortegubisian.com.br/)

Buscando entendimento aos questionamentos anteriores sobre qual a relação entre Lean Manufacturing e as Olimpíadas, vamos a seguir elucidar a relação entre as mesmas.

A seguir, o exemplo de três modalidades distintas que demonstrará a relação entre a análise de desperdício e os esportes:

  1. Modalidade: REMO
    • Descrição: As provas têm 2km de distância. Até seis barcos podem participar de uma prova – vence o primeiro a cruzar a linha de chegada. Fora da área de competição, marcadores a cada 250m indicam aos remadores a distância percorrida. Cada barco tem a sua própria raia, de 13,5m de largura;
    • Relação com o Lean Manufacturing: Esta modalidade é determinante quanto ao sincronismo dos atletas, método como remam e orientação para a direção do barco. Se cada atleta remar num ritmo diferente, com angulações e abertura da remada não sincronizada, fatalmente resultará em desperdícios:
  • Muda: Movimentos não sincronizados geram desperdícios tempo da execução de cada remada e consequentemente do tempo final da prova;
  • Mura: Movimentos não sincronizados geram despadronização, desperdícios de ergonômicos, resultando em fadiga muscular precoce;
  • Muri: Movimentos não sincronizados geram desperdícios ergonômicos, fadiga muscular entre atletas distintos, resultando em fadiga muscular precoce.

Lean Olimpíadas

Figura 2 – Remo

  1. Modalidade: TRIATLO
    • Descrição: Nas Olimpíadas as provas de triatlo são disputadas usando os padrões internacionais de distância, ou seja, 1,5 km de natação, 40 km de ciclismo e 10 km de corrida;
    • Relação com o Lean Manufacturing: Esta modalidade é determinante o preparo físico e estratégias de emprego de energia. Aplicar energia descomunal no momento errado poderá resultar em cansaço excessivo durante a prova e perda de rendimento antes do término da prova:
  • Muda: Não projetar antecipadamente o nível e emprego de energia na prova, acarretará em fadiga muscular precoce, aumento de tempo e duração da prova;
  • Mura: A despadronização de pedaladas, braçadas e passadas durante a prova, acarretará, alem de fadiga muscular precoce, aumento de tempo e duração da prova;
  • Muri: Dosar erroneamente o emprego da energia muscular no avanço da prova, acarretará perdas de resistência e culminará em acréscimo do tempo total da prova ou até mesmo não concluir a prova.

Lean Olimpíadas

Figura 3 – Triatlo

  1. Modalidade: NADO SINCRONIZADO
    • Descrição: O Nado Sincronizado, também conhecido como Natação Sincronizada, é um esporte que mistura elementos da natação, dança e ginástica. Ele consiste na execução, dentro de uma piscina, de uma rotina de movimentos ao ritmo da música. Os juízes levam em consideração a qualidade técnica, graça, delicadeza, sincronia dos movimentos com a música, criação artística dos movimentos.
    • Relação com o Lean Manufacturing: Esta modalidade é determinante a padronização dos movimentos entre os atletas da mesma equipe. Movimentos bruscos ou lentos em relação aos companheiros da mesma equipe podem penalizar o resultado final da prova:
  • Muda: Movimentos fora da sequência programada, culminaram em atraso na execução da prova, visto que as apresentações estão limitadas ao tempo total da prova estabelecida ou à música que rege a apresentação;
  • Mura: A despadronização de movimentos entre os atletas acarretam em desentoação da arte que a prova deve proporcionar e consequentemente demérito na pontuação geral da equipe;
  • Muri: Observar durante a preparação para as provas, quais movimentos e ações serão impactantes para os juízes, mas que minimizarão esforços para evitar fadigas precoces durante a execução da prova.

Lean Olimpíadas

Figura 4 – Nado sincronizado

CONCLUSÃO

Pensar Lean é possível para qualquer e todo tipo de atividade. Não analisar os desperdícios de milésimos de segundos, poderá ir para o ralo todo o esforço e investimento dedicado em anos de preparação. A certeza de que nas Olimpíadas os atletas superaram os recordes e alcançaram o pódio é a observação dos resultados obtidos na preparação e durante as provas, ação para corrigir as anomalias identificadas e a busca da perfeição.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA / ELETRÔNICA

Nota:

[1] Value Stream Mapping (Fonte: http://www.lean.org.br/workshop/25/mapeamento-do-fluxo-de-valor.aspx)

elienay_fuly

Sobre o Colunista: Elienay Marçal Fialho Fuly é Graduado em Engenharia de Produção, Especialista em Engenharia de Produção Enxuta / Melhoria Contínua, MBA em Administração de Projetos e MBA Executivo em Gestão de Negócios. Atualmente atua como Engenheiro de Processos Sênior no desenvolvimento e implementação de soluções em melhoria contínua de processos no setor automobilístico. Atua também como consultor de soluções em Engenharia de Processos e Melhoria Contínua desde 2014. Palestrante em temas de Redução de Custo, Engenharia de Planejamento, Engenharia de Produção e Melhoria Contínua. Autor de artigos e colunista sobre Gestão de Projetos com foco em Produção, Logística, Melhoria Contínua e áreas correlatas. Está presente na indústria desde 2005, atuando nos setores da indústria automotiva, mineração, caldeiraria, usinagem e construção civil. Possui experiências nas áreas de Gestão e Engenharia de Processos, Controle de Qualidade, PCP, Auditoria ISO 9001, Administração de Contratos e Diligenciamento. Lecionou em escola técnica as disciplinas de Matemática Aplicada e Tecnologia dos Materiais.

E-mail de contato: elienayfuly@gmail.com

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