Publicado em 29/03/2016
A série de entrevista com palestrantes do Congresso PM GLOBAL no PMKB é com o Consultor Hugo Lourenço que fala sobre o tema: Contratos Ágeis.
1) O que são Contratos Ágeis? Poderia citar exemplos?
Muitas pessoas confundem o contexto de Contratos Ágeis com contratos que precisam ser executados em um curto período de tempo ou que precisa ser encerrado rápido. Não é este o contexto!
Contratos Ágeis possui o contexto de ser o mais aderente possível em relação ao “Manifesto Ágil” e aos “Princípios Ágeis“.
Desta maneira o contrato deve possuir cláusulas que permitam a atuação conforme o Manifesto Ágil e Princípios Ágeis.
Exemplos:
Cláusula que permita o uso de Iterações – As entregas serão realizadas em períodos de tempo pré-determinados e fechados entre o Time executor (equipe de desenvolvimento) e o Dono do Produto (PO-Product Owner). A duração de uma iteração deverá estar entre: 7 dias corridos, 15 dias corridos ou 30 dias corridos. O Time e PO após a primeira escolha, pode no futuro a qualquer tempo se reunir e selecionar um dos outros períodos.
Cláusula que permita a flexibilização e priorização do escopo remanescente – O PO a qualquer momento pode re-priorizar as histórias (requisitos) do Backlog (escopo do produto) conforme os critérios (valor ao negócio, complexidade, etc) que considerar adequado. Alinhando sempre o respectivo Backlog re-priorizado com a equipe para obter um feedback e “de-acordo” para a continuidade do trabalho remanescente.
2) Quais as vantagens para Contratos Ágeis em comparação com tipos mais “tradicionais”?
Os contratos tradicionais geralmente são utilizados para aplicar multas à outra parte e para “garantir” que a outra parte cumprirá o respectivo contrato. Considerando também que se não cumprir o contrato as penalidades previstas serão aplicadas.
O que devemos ter em mente é que mesmo tendo penalizações existentes no contrato, caso o contrato não seja cumprido, o contratante não terá seu problema resolvido. Ou seja, não terá sua entrega realizada e não atingirá seu objetivo estratégico. O importante a ressaltar é que o contrato não garante a entrega e mesmo que você aplique multas e penalidades, seu negócio já foi prejudicado pela não entrega, independente das respectivas multas e penalidades.
Já considerando o Contrato Ágil, ele foca em ser o mais aderente possível ao Manifesto Ágil e Princípios Ágeis. Desta maneira atuamos para ajudar a garantir que um Projeto Ágil tenha a sua base (que é o contrato) aderente à Filosofia Ágil e que a agilidade em sua essência, tenha um alto grau de sucesso em relação às práticas e atitudes ágeis.
Não é que o Contrato Ágil não tenha que possuir multas e penalidades. Claro que deve! Mas ele precisa focar primeiramente na aderência ao Manifesto Ágil e Princípios Ágeis, depois focar nas multas e penalidades.
A grande vantagem dos Contratos Ágeis é que conforme a Filosofia Ágil são valorizados as mudanças no projeto, foco de valor das entregas, confiança entre contratante e contratado, confiança na equipe Ágil e nas demais Partes Interessadas, e sempre focar na comunicação humanizada, onde focamos na conversa de pessoa para pessoa de modo presencial (face-to-face). E não simplesmente se esconder atrás de um contrato, processos e ferramentas, e não atuar para resolver as questões e focar apenas em “multar ou penalizar” a outra parte, como normalmente ocorre nos contratos tradicionais.
3) Quais são os pontos de atenção quando uma empresa adota Contratos Ágeis? Por que se deve dar essa atenção?
O ponto de atenção é em ter o contrato totalmente aderente à Filosofia Ágil = Manifesto Ágil e Princípios Ágeis.
Quanto menos aderente estiver o contrato em relação à Filosofia Ágil, mais tradicional será o contrato.
4) Já existem empresas usando Contratos Ágeis? Quais benefícios efetivos estão sendo alcançados nessas empresas?
Nas empresas que passei ou em consultorias, não vi ainda um contrato 100% ágil no mercado Brasileiro. Mas há tipos de contratos ou cláusulas que acabam sendo um pouco mais aderentes.
Um exemplo é um contrato (de preço-fixo/prazo determinado/escopo glocal fixo) que era Global ou Guarda-Chuva, onde não se tinha cláusulas específicas e sim apenas cláusulas / metas gerais que permitia no mundo operacional do projeto atuar com a agilidade de uma maneira mais aderente à Filosofia Ágil sem ferir as cláusulas globais. Desta maneira a empresa conseguia atuar com grande parte da Filosofia Ágil e colher os benefícios (entregas de valor reconhecidas pelo cliente, mudanças no escopo sem maiores problemas, gestão de custos adequada, humanização do trabalho no mundo do projeto, confiança entre os participantes, felicidade com o ambiente e seu trabalho, entre outros) em um projeto Ágil.
Hugo Lourenço, CSM, PMP, PMI-ACP, PMI-RMP, PMC, Gerenciamento de Projetos, Programas, Portfólio e PMO. E-mail para contato: hugokml@yahoo.com.br.
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