Publicado em 14/05/2015
Este artigo pretende conceituar o Gerenciamento de Aquisições em Projetos, ressaltando que, mais importante do que definir o escopo do que vai ser contratado, ficarem claros os resultados esperados com essa contratação e, eventualmente, associar a remuneração ou bonificação do contratado aos resultados obtidos.
Vivemos em um mundo cada vez mais globalizado e competitivo, o que tem levado as organizações a um permanente estado de mudança. Em razão da necessidade dessas organizações serem eficientes e eficazes na implementação das mudanças impostas pelo mercado, várias vêm passando por modificações nos seus processos organizacionais em direção a uma orientação por projetos, tornando-se evidente a necessidade de serem estabelecidas metodologias que conduzam ao sucesso ou que, pelo menos, aumentem a probabilidade de se atingir o sucesso em suas iniciativas. Por isso, temos presenciado nos últimos anos, especialmente no Brasil, uma busca incessante pela utilização das melhores práticas de gerenciamento de projetos.
Essa procura tem sido incentivada e facilitada por várias instituições nacionais e internacionais, dentre elas o Project Management Institute (PMI), referência mundial em gerenciamento de projetos.
Uma das grandes contribuições do PMI para a divulgação das boas práticas de gerenciamento de projetos foi a publicação de um documento denominado A guide to the project management body of knowledge – PMBOK®. Este define que o gerenciamento de aquisições do projeto inclui os processos para comprar ou adquirir os produtos, serviços ou resultados necessários de fora da equipe do projeto para realizar o trabalho (PMI, 2008).
Em relação a esta definição, Carlos Magno, Deana, Lúcio e José Genaro (Xavier, 2010), ressaltam dois pontos:
a) A possibilidade de contratação de resultados
Muitas vezes nos deparamos com a seguinte frase dita no mercado: “O cliente não sabe o que quer”. Na realidade ele sabe que tem uma necessidade ou um problema que precisa ser resolvido. O que ocorre, em muitos dos casos, é que ele não sabe qual o caminho que deve ser trilhado para obter a solução do mesmo. Como consequência, ao invés do cliente buscar um resultado para o assunto pendente, ele vai ao mercado para adquirir um produto ou serviço específico, imaginando que dessa forma ele alcançará os seus objetivos pretendidos.
Eventualmente, durante o fornecimento do produto ou do serviço contratado, o cliente percebe que esse fornecimento não será suficiente para o atendimento dos fins propostos. Assim, ele acaba por solicitar mudanças em relação ao seu pedido inicial, deixando, a sensação de que ele não sabe o que quer. Desta forma, ao contratar um produto ou serviço, e não um resultado, o cliente traz para si o risco da especificação da solução do seu problema, principalmente não sendo ele o especialista no assunto. Por exemplo, um empresário, tentando melhorar o seu ambiente de trabalho, decide climatizar uma das salas da sede de sua empresa. Para tanto, contrata o fornecimento e instalação de um equipamento de refrigeração com base na especificação por ele (cliente) preparada. A empresa contratada fornece e instala exatamente o que o empresário especificou e recebe o pagamento correspondente. Com o tempo o empresário verifica que a sala não alcança a temperatura ideal. Quem é o responsável por esse resultado insatisfatório? O cliente ou a empresa contratada?
É também comum, em qualquer segmento da economia, o cliente consultar um ou mais especialistas para obter possíveis soluções para o seu problema. O documento a ser utilizado nessa situação é o Pedido de Informação (Request For Information – RFI) ou similar. Mesmo assim, o cliente continua com o risco da solução escolhida não atender a sua necessidade. Nesta hipótese, a quem deve ser imputada a responsabilidade pelo insucesso e pelos gastos havidos? Imagine o exemplo de uma empresa que vai ao mercado procurar um fornecedor de serviços especializado em segurança do trabalho, com a finalidade de diminuir os índices de acidente de trabalho ali existentes. Qual a melhor maneira de se relacionar comercialmente com o eventual contratado? Ela deve especificar o que deve ser feito ou simplesmente apresentar o seu problema e condicionar o pagamento aos resultados efetivamente alcançados?
Muitas vezes é apresentada a seguinte justificativa para que o cliente vá ao mercado com uma especificação mais detalhada: “Como vou comparar propostas se cada proponente apresenta uma solução diferente?” Essa justificativa não pode ser a razão de um detalhamento. Afinal de contas, o propósito em um projeto consiste em ter sucesso ou em comparar propostas?
De qualquer maneira, não é costume no mercado a contratação de resultados. Uma das razões é que, como o fornecedor está com o risco do alcance ou não do resultado, ele acaba incorporando esse risco ao seu preço, ficando mais cara a contratação. Porém, será que é melhor o cliente pagar mais barato e não resolver o seu problema?
Entretanto, mesmo que o cliente decida contratar um resultado, ele deve combinar, em contrato com o fornecedor, o escopo a ser fornecido, de forma a diminuir o risco daí decorrente. Exemplificando: Será que é pertinente, técnica e financeiramente, um fornecedor de serviços de segurança empresarial, que venha a ser contratado para diminuir a incidência de acidentes de trabalho em uma fábrica, estabelecer como solução o treinamento do pessoal da contratante em segurança do trabalho durante 8 horas por dia ou, ainda, sugerir o fechamento da empresa durante três dias na semana?
É por isso que, mesmo contratando resultado, o contratante deve aprovar o escopo do projeto que o fornecedor irá executar. Por mais que o risco do resultado seja parcialmente transferido para o fornecedor, o cliente não deve ser surpreendido pela forma como o resultado será obtido.
b) A contratação de fora da equipe do projeto
O fornecedor a ser contratado pode ser interno, ou seja, estar dentro da organização executora do projeto. A maioria das organizações trabalha, atualmente, de forma matricial, o que torna relevante a dependência interna entre as áreas. Além disso, várias empresas trabalham com o conceito de centros de custo para poder saber o custo real de cada projeto, área etc. Ter um fornecedor interno implica em que também sejam formalizadas as contratações com áreas da própria empresa, devendo ficar claras as responsabilidades das partes por meio de um “Acordo de nível de serviço” (SLA – Service Level Agreement).
O gerenciamento de aquisições possui uma interdependência com todas as outras áreas de conhecimento do gerenciamento de projetos, conforme representado na figura 1. Por exemplo, em um projeto de construção de uma termoelétrica, na estrutura analítica do projeto (escopo) estará representada a necessidade de aquisição das turbinas. Esse processo de aquisição deve ser realizado em um prazo que atenda ao cronograma (tempo) da obra e dentro do orçamento (custo) estabelecido. Será necessário definir critérios de seleção adequados para diminuir a probabilidade e / ou o impacto (risco) do fornecedor não cumprir as exigências do contrato. As turbinas devem atender a critérios rígidos de especificação (qualidade), devendo o fornecedor informar periodicamente o andamento da fabricação (comunicação).
A colocação do gerenciamento de aquisições no centro da figura 1 não deve ser interpretada como se ela fosse a área mais importante do gerenciamento de projetos. O objetivo é simplesmente mostrar que a área troca informações com todas as demais, devendo a equipe do projeto estar atenta para que não haja inconsistências nos documentos de planejamento do projeto, que poderão refletir num fornecimento equivocado, que impactará ou inviabilizará a solução imaginada.
Figura 1 – As interfaces do gerenciamento de aquisições com outras áreas
O gerenciamento das aquisições em um projeto passa pela decisão de o quê, quanto, quando e como serão efetuadas as aquisições, incluindo a administração e o encerramento de contratos. Bem, mas isso é assunto para outro artigo.
Bibliografia
PMI – Project Management Institute (Editor). A Guide to the Project Management Body of Knowledge (PMBOK®). USA: PMI, 2008.
XAVIER, Carlos Magno e outros – Gerenciamento de Aquisições em Projetos – Editora FGV – 2ª edição, 2010.
Sobre o Colunista: Carlos Magno da Silva Xavier foi eleito em 2010 uma das cinco personalidades brasileiras da década na área de gerenciamento de projetos, sendo autor / coautor de onze (11) livros. É mestre pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e certificado “Project Management Professional” (PMP) pelo Project Management Institute (PMI). É Sócio-Diretor da Beware Consultoria Empresarial e da CMX Capacitação Profissional, sendo professor do MBA em Projetos da Fundação Getúlio Vargas desde 2001. Sua experiência profissional, de mais de vinte anos em gerenciamento de projetos, inclui consultoria e treinamento em várias Organizações (TIM, BR Distribuidora, Petrobras, Halliburton, SESC-Rio, Eletronuclear, Eletropaulo, Odebrecht, Shopping Iguatemi e outras).
E-mail de contato: magno@beware.com.br – Site: http://beware.com.br
Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.
No artigo, Magno Xavier aponta a importância de não definirmos apenas o escopo, mas também ressaltar os resultados esperados em cada contratação. O autor associa as constantes mudanças das organizações ao fenômeno da globalização e à competitividade do mercado moderno, que demanda metodologias eficientes que conduzam ao sucesso dos projetos. Cita, ainda, o Project Management Institute (PMI) como incentivador e facilitador de melhores práticas, destacando o Brasil nesse cenário de busca incessante por tais ações. Em citação ao PMI (2008), define que “gerenciamento de aquisições do projeto inclui os processos para comprar ou adquirir os produtos, serviços ou resultados necessários de fora da equipe do projeto para realizar o trabalho”. Magno também faz referência a outros quatros autores: Carlos Magno, Deana, Lúcio e José Genaro (Xavier, 2010) – elucidando dois pontos: a) A possibilidade de contratação de resultados; b) A contratação de fora da equipe do projeto. O artigo também conclui que o gerenciamento de aquisições deve estar em constante contato com as demais áreas e com uma equipe atenta, para que não haja inconsistência nos documentos do projeto.
ALUNA: Luana Moura Barros
Pós Graduação em Gerenciamento de Projetos / Puc Praça da Liberdade_oferta 18
Disciplina: Gerenciamento das Aquisições
Professor: Ítalo Coutinho
pode se dizer que na concepção do autor , uma aquisição errada durante o projeto pode gerar vários fatores para o insucesso de um projeto, seja ele para resolução de um problema dentro da empresa ou para buscar um novo nicho no mercado.
comprar ou contratar fica claro neste artigo que o ideal e seguir um escopo, se for para resolver um problema dentro da empresa , o ideal e um estudo do ambiente pela contratada e criar um escopo de trabalho apresenta-lo a contratante ,deixando assim claro quais serão os métodos para o alcance do resultado desejado pela contratante .
sobre fornecedores internos, uma matriz de responsabilidades e importante para saber quais os recursos serão utilizados.
tendo em vista que desta forma e com todos integrados as informações sobre recursos aquisições dentro do projeto a ser executado sera melhor controladas seguindo as melhores praticas interligando todos campos tempo escopo riscos qualidade e aquisições poderão controlar uma possível chance de fracasso
Nelson Adriano Passo
Pos em Gerenciamento de Projetos PUC MG São Gabriel
Disciplina Gestão de Aquisições
Professor: Italo
O artigo fala sobre a importância do gerenciamento de aquisições em projetos ressaltando que, devido a necessidade das empresas em cada vez mais se tornarem competitivas, é primordial que elas abracem as mudanças necessárias para seu crescimento. Neste contexto o autor cita dois pontos que devem ser levados em consideração: A possibilidade de contratação de resultados e a contratação de fora da equipe do projeto. Dentre as quais eu gostaria de destacar a importância e desafios de se realizar uma contratação de resultados. É de extrema importância que os indicadores de sucesso ou performance do contrato sejam bem definidos para que o cliente entenda o que está sendo contratado, como será entregue e quais os resultados esperados. Se estes pontos não forem corretamente definidos é possível que ao final da entrega do contratado o cliente sinta que o resultado não foi alcançado.
Aluna: Maressa Luiza da Paixão
Pos em Gerenciamento de Projetos PUC MG São Gabriel
Disciplina Gestão de Aquisições
Professor: Italo
Aluno: Gustavo Oliveira 31626726
MBA em Gestão estratégica de Projetos – UNA
Disciplina: Gestão das Aquisições
Professor: Ítalo
Fica claro pelo artigo que, além de ser fundamental para o sucesso do projeto, o gerenciamento de aquisições é primordial para que o resultado seja alcançado de forma satisfatória, com o menor retrabalho possível e precisão no alcance das expectativas do cliente e do fornecedor.
Ao questionar o real propósito do projeto, o autor confronta a forma com que clientes e fornecedores conduzem o projeto como um todo, fato que colabora com o aumento da dificuldade do gerenciamento e, consequentemente, o grau de insucesso. Desta forma, é necessário o entendimento do verdadeiro resultado esperado, algo definido pelo cliente e construído entre o próprio cliente e o fornecedor.
Acrescento ao debate o fator “maturidade” como um dos grandes responsáveis pela dificuldade no alcance de resultados no projeto, já que o ideal “ganha-ganha” não é percebido como algo alcançável, prejudicando a relação de confiança entre cliente e fornecedor.
O Gerenciamento de Aquisições em Projetos veio para solução dos problemas, visto que a necessidade das organizações serem eficiente e eficaz nas mudanças, além disso, melhorando o processo de compras, sendo que o cliente compra o produto ou contrata serviço, acaba contratando de forma inadequada por não ter especificação. Com o gerenciamento de aquisições deve providenciar o contrato para definir o escopo a compra do produto ou serviço para ter o sucesso, ficarem claros informações ou até mesmo bons resultados com a contratação. Apesar de que terão parcialmente riscos, antes desses processos os riscos eram maior, devido especificações do produto incompleto. Ressalto que o gerenciamento das aquisições em um projeto torna pela decisão de o quê, quanto, quando e como serão efetuadas as compras, sendo desta foram administra e encerra o contrato.
Aluno: Jose Roberto Maia
MBA em Gestão estratégica de Projetos – UNA
Disciplina: Gestão das Aquisições
Professor: Italo
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