O Gerenciamento de projetos e a visão de longo prazo

Enquanto pensava no próximo artigo que iria escrever, o último de 2014, busquei temas que tivessem certa relação com a ideia de recomeço, diante de um novo ano e de novos desafios a serem enfrentados. Analisando essa questão, no entanto, cheguei à conclusão de que não existe sentido em tal prática.

A passagem de ano não tem nada de mágica e, dessa forma, não trará nada que possa mudar da noite para o dia as nossas posturas. Até certo ponto é até prejudicial tentar encarar as coisas por essa óptica de reinício, posto que um dos nossos maiores desafios é desenvolver planejamentos consistentes, que perdurem ao longo dos anos e tragam resultados sólidos e duradouros.

Sendo assim, falemos da importância da profundidade de objetivos e da maturidade, dois pontos chave para tornar o seu final de ano apenas mais uma época festiva e despreocupada do ponto de vista profissional.

Pensando à frente

Assumidamente, no mundo gerencial, uma das maiores dificuldades das organizações é encontrar profissionais que possuam uma visão de longo prazo, focados em obter resultados sólidos e desenvolver a maturidade nas frentes em que atuam.

Na maioria das vezes, mesmo entre indivíduos de alto desempenho, busca-se cumprir metas de curto prazo, em prol das promoções e aumentos salariais. Isso é ainda mais evidente na área de projetos, em que é comum a cultura de analisar cada empreendimento individualmente, como um elemento desconexo dos demais.

O problema quanto a esse fato é que as questões capazes de trazer modificações estruturais profundas na organização, mas que só surtirão efeitos dentro de alguns anos, são deixadas de lado ou postergadas, fazendo com que certos problemas assumam um caráter crônico e tenham de ser enfrentados ano após ano.

Não deve haver restrição alguma quanto à busca de níveis elevados de produtividade e de resultados de curto prazo, porém isso não substitui as análises profundas e sistemáticas, que têm o poder de melhorar efetivamente a forma como as coisas são feitas.

Renovando-se um pouco a cada novo dia

O primeiro passo no processo de obtenção de um crescimento estruturado é saber como utilizar as experiências passadas em prol do desenvolvimento futuro. No Gerenciamento de Projetos chamamos isso de Gerenciamento de Lições aprendidas e seu objetivo principal é encurtar caminhos na busca por soluções para problemas recorrentes.

Feito isso, é preciso desenvolver uma postura sistemática de aprendizado diário, com registros de novas experiências, quebra de paradigmas e reengenharia de processos. Isso significa optar pelo aprimoramento constante, sem quebras.

Pode parecer óbvio, porém muitas organizações, até mesmo tradicionais no mercado, gastam quantidades exorbitantes de dinheiro contratando consultores para solucionar questões que poderiam ser tratadas no dia a dia, bastando apenas um esforço consciente no desenvolvimento de uma cultura voltada para essa reinvenção.

A regra do plantio e da colheita

Estruturada a forma como a organização assimila conhecimentos e experiências, o passo final é definir onde ela deseja chegar e quando. Objetivamente isso significa estabelecer metas em diferentes níveis, a serem atendidas em espaços de tempo distintos, sempre mantendo o foco no longo prazo.

Sendo assim, os gerentes (corporativos ou de projetos) podem até trabalhar com horizontes curtos de tempo, desde que tudo seja orientado para o desenvolvimento contínuo e consequente perpetuidade da organização em seu mercado de atuação.

A ideia é pensar o hoje em função do ponto no qual deseja-se estar dentro de alguns anos. Estabelecer metas e objetivos de curto prazo, de acordo com aquilo que espera-se para horizontes de tempo distantes. Não é intuitivo pensar dessa forma, mas quando tenta-se construir o futuro pensando em soluções imediatistas, não pode-se chamar isso de planejamento.

Sendo assim, o raciocínio seria: uma organização que deseja ser líder de mercado dentro de 5 anos, quais atitudes são coerentes atualmente, para garantir que no prazo estipulado a meta será cumprida? Qual o incremento de Market share necessário? O que os concorrentes possuem de diferente? Quais investimentos se farão necessários?

Essas são apenas algumas das inúmeras perguntas a serem feitas por quem enxerga além de sua situação atual. Entender onde se deseja ir é o único jeito de se iniciar o processo capaz de levá-lo até lá. Falta essa consciência a muitos gerentes, o que faz com que cada novo projeto seja feito dos mesmos velhos desafios.

Em nossos projetos, assim como em nossa vida

Não espere mais reviravoltas mágicas e nem se entregue à superstição de fim de ano. Mude hoje, mude agora. Trace e siga planos que vão além de simbolismos e mantenha-se focado em seus projetos pessoais e profissionais.

Lute contra a tentação de se acomodar hoje para se fazer melhor amanhã. É preciso entender que todo sucesso, toda maturidade, toda riqueza, passam por um processo de construção que nem sempre é simples ou rápido, mas que traz recompensas reais e duradouras.

E sobre 2015? Profissionalmente, desejo a você que seja um ano de muito trabalho, repleto de desafios e que as circunstâncias permitam-lhe dar continuidade ao crescimento já iniciado. Apegue-se a isso e lembre-se que você é o único capaz de fazer com que o próximo ano seja de mudança em sua vida.

Sobre o Colunista: Bruno Augusto, estudante do Curso de Engenharia de Produção Civil no CEFET MG. Trabalha há 3 anos como Assistente de Engenharia em Planejamento e Controle de obras de galpões industriais, na empresa SGO construções. Na área de construção, também já atuou com controle tecnológico de concreto e execução de obras prediais. Técnico em Química formado pelo CEFET MG, trabalhou por 1 ano e meio como Inspetor de qualidade em uma indústria da Coca Cola Company. Criador e idealizador do blog A Engenharia em Foco:  http://aengenhariaemfoco.blogspot.com.br.

E-mail de contato: brunosilva.civil@gmail.com

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