Publicado em 24/11/2015
Alguns meses atrás, eu compartilhei a seguinte pergunta em alguns grupos do Linkedin:
Quais os desafios e oportunidades ao gerenciar projetos globais remotamente?
Eu obtive ótimas respostas que evidenciam a principal habilidade/competência de um gerente de projeto, a comunicação.
Ao gerenciar projetos globais, a primeira consideração é que dificilmente estaremos viajando ao redor mundo, conhecendo diversos países e os mais variados tipos de pessoas. Isso seria ótimo, mas, salvo raras exceções, com o avanço da tecnologia, podemos gerenciar projetos globais de literalmente qualquer lugar, do escritório, home-office, da praia, utilizando notebook, smartphones. Se tivermos acesso a internet, conseguimos manter a comunicação necessária com os stakeholders do projeto.
Projetos globais dão a oportunidade ao gerente de projetos de trabalhar sempre com novas pessoas, conhecer variados tipos de comportamento que estão intrinsicamente ligados a cultura de um determinado país. Isso é muito interessante e com certeza é algo a se valorizar. No momento, por exemplo, estou trabalhando em projetos na Austrália, Japão, França, Canadá e Brasil. Acho fantástico a oportunidade de entrar em contato com pessoas desses países, tão facilmente. Algo que a alguns anos atrás seria muito difícil sem o avanço da tecnologia. Hoje, com um notebook conectado a internet, podemos nos comunicar com mensagens instantâneas (ex: Skype), fazer ligações via VOIP, e utilizar a webcam para minimizar a distância entre continentes, países, estados, cidades e pessoas.
Alguns dos desafios principais que temos está relacionado a comunicação. Trabalhando com times e pessoas que estão em vários países, algumas vezes fica mais complicado conseguir marcar uma reunião com stakeholders importantes que estão separados pelo fuso horário. Nesse caso, o gerente de projetos tem que ter flexibilidade e estar disponível para fazer reuniões às 5 da manhã com stakeholders da Europa, e às 10 ou 11 da noite com Austrália e Japão, por exemplo. Tudo para garantir que a comunicação esteja fluindo e atingindo todos os stakeholders.
A questão do domínio do inglês pode não parecer tão importante no ínicio, até o Gerente de Projetos se encontrar em uma reunião com vários stakeholders de vários cantos do mundo falando um inglês difícil de entender, e o Gerente de Projetos tentando “decifrar” palavras e frases durante uma reunião. Por isso a dica é sempre resumir o entendimento de alguém, repetindo o que a outra pessoa disse – “Então, estou entendendo que você quer dizer…”. Isso garante o bom entendimento da mensagem. Isso vale também para o próprio Gerente de Projetos. O desenvolvimento de uma excelente comunicação em inglês se torna primordial para passar corretamente as mensagens para a equipe de projeto e demais stakeholders.
Um bom entendimento da cultura do país da equipe do projeto, dos patrocinadores e stakeholders também é importante e também deve ser levado em consideração. Se você está trabalhando com stakeholders do Japão, por exemplo, você tem que entender um pouco sobre a cultura japonesa e os hábitos de trabalho. Isso vai ajudar o Gerente de projetos a desenvolver comunicações adequadas para esses stakeholders.
Um outro desafio bastante interessante está relacionado aos processos organizacionais. Em grandes empresas multinacionais ou globais, existem muitos processos a serem seguidos. Não é diferente no Gerenciamento de Projetos. Geralmente cada empresa tem uma metodologia ou processos específicos de gerenciamento de projetos a serem seguidos, bem como vários outros processos organizacionais, que nós, Gerentes de Projetos, de alguma forma, vamos estar envolvidos.
Muitas vezes, pode não existir sinergia entre processos locais e globais. Já vi algumas vezes, processos locais em países específicos serem diferentes, dessa forma, impactam a entrega do projeto. E eu só descobri na hora da execução do projeto. É muito complicado e complexo analisar todos os processos, de todos os países, para garantir que estão de acordo com o processo global. E se isso fosse feito, não seria nem responsabilidade do Gerente de Projetos.
A oportunidade que nós temos aqui é de realizar uma análise de processos locais e globais e ver possiveis problemas e discrepâncias e, principalmente, documentar e compartilhar esses processos com todos os stakeholders. Parece fácil na teoria, mas na prática, pelo que eu ja tive experiência, é bastante complicado.
Projetos Globais, com certeza, tem suas particularidades e problemas únicos. São vários os desafios para se entregar projetos globais dentro do escopo, custo, prazo e qualidade adequadas, mas o conhecimento adquirido na jornada vale muito a pena.
Sobre o Colunista: Fernando Colleone, PMP, PMI-RMP, ITIL, PSM. É formado em Comunicação Social pela Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP, e tem Pós-Graduação em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas – FGV. Trabalha a 11 anos na IBM e passou por áreas de Supply Chain e Serviços, atuou como Representante de Suporte a Cliente , Analista de Business Controls e Analista de Operações de Serviços de Software e Hardware. A mais de 6 anos é Gerente de Projetos Globais de TI, trabalhando com stakeholders em países como Brasil, Estados Unidos, Canadá, França, Espanha, Alemanha, Japão, Austrália, entre outros. Atualmente é responsável por um programa global de Cloud Computing, implementando soluções de melhoria e aperfeiçoamento da capacidade dos vários Centros de Excelência de Cloud da IBM ao redor do mundo. É também Professor de MBA em Gestão de Projetos
Email de contato: fcolleone@hotmail.com
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