Projetos de montagem e construção: entrevista com Edivaldo Farias

A série de entrevista desta semana no PMKB é com o Edivaldo Fernandes de Farias especialista em Gestão da Qualidade em Obras Eletromecânicas e Civis nas áreas de petróleo e gás, infraestruturas, refinarias, mineração, sucroalcooleiro e industrial. O tema de hoje é sobre gerenciamento de projeto aplicado nas fases de montagem e construção nos principais interfaces, seus impactos no projeto e riscos potenciais. 

1) No que se refere ao gerenciamento de projeto aplicado à fase de montagem, quais são as principais considerações que o gestor deve levar em conta para o sucesso dessa etapa?

Além da gestão do prazo, dos custos, da qualidade e do escopo; o gestor do projeto deve obter integração de suas equipes de trabalho, excelente comunicação entre as partes envolvidas, divulgar os requisitos contratuais e de projeto, divulgar os indicadores de desempenho, definir e validar as premissas para construção e montagem e acompanhar o planejamento e controle de interfaces.

2) Quais são os riscos potenciais a serem considerados e quais ações de mitigação?

Incompatibilidade entre projetos: Atualmente, os projetos são realizados na modalidade Fast Track, ou seja, a fase de construção e montagem inicia antes da conclusão do projeto executivo, portanto a equipe de projeto fica sobre pressão omitindo algumas etapas da qualidade (revisão, compatibilização, validação, controle de mudanças), impactando na sequência de montagem, atrasos e custos relacionados.

Obs.: Trabalhei em um projeto onde a equipe de engenharia estava documentando a solução dada em campo, devido a deficiência de projeto.

Ações: Compatibilização e adequação dos documentos de engenharia previamente a fase de construção e montagem; e manutenção de um gestor de engenharia de campo para soluções imediatas, quando da verificação de incompatibilidades entre projetos.

Execução de obras simultâneas em um mesmo site (civil, estruturas metálicas, equipamentos, tubulação, elétrica e instrumentação): Na construção de projetos eletromecânicos é comum a execução de projetos simultaneamente, porém, sem um bom planejamento, gestor de campo experiente, comunicação e reuniões de coordenação entre produção, engenharia de campo, qualidade, segurança, subcontratados e/ou fornecedores, impactará nos prazos de execução, em retrabalhos e custos envolvidos.

Ações: Planejamento de interfaces, comunicação, reuniões de coordenações, gestor de engenharia de campo.

Interferências de campo: Se forem detectadas somente no momento da construção e montagem, impactará nos prazos de execução e sequência de montagem.

Ações: estudo de solos com sondagens, previamente, para detectar rochas ou outras interferências subterrâneas; utilização de maquetes eletrônicas e ferramentas em 3D com objetivo de minimizar interferências entre disciplinas; gestor de engenharia de campo com autonomia para soluções imediatas.

3) Quais as principais interfaces e seus impactos no projeto?

Qualidade: Impactará positivamente se trabalhar com mais ações preventivas do que ações corretivas.

Segurança: Impactará positivamente se trabalhar em conjunto com a produção na prevenção de acidentes e na disseminação da cultura de segurança e saúde ocupacional.

Produção: Impactará positivamente se trabalhar em conformidade com os requisitos de qualidade, meio ambiente, segurança e saúde ocupacional, documentos contratuais, projetos, especificações técnicas do cliente, normas nacionais e internacionais e legislações vigentes, com ajuda dos processos de apoio.
Meio Ambiente: Impactará positivamente se coordenar a obtenção de todas as licenças aplicáveis ao projeto, controle de erosões, resíduos e disseminação de cultura ambiental.

Engenharia de Campo: Impactará positivamente antecipando as interferências de campo, dando soluções em conformidade com a engenharia e em tempo hábil, assim como, assegurando as revisões de projeto onde aplicável.

Comissionamento: Impactará positivamente se assegurar em conjunto com a equipe de qualidade que todas as interfaces de montagem, condicionamento, pré-comissionamento, comissionamento até a posta em marcha, foram ensaiadas e testadas em conformidade com as especificações técnicas do cliente, normas nacionais e internacionais, projeto e manuais de manutenção e operação dos fornecedores de equipamentos mecânicos, elétricos, instrumentação, automação.

Sobre o entrevistado: Edivaldo Fernandes de Farias, profissional qualificado com 30 anos de experiência em empresas renomadas atuando como gerente, coordenação e supervisão de sistemas de gestão da qualidade. Formado em Tecnologia em Processos Gerenciais, e cursando MBA em Administração e Qualidade. Expertise em sistemas de gestão de qualidade, segurança, meio ambiente e saúde ocupacional, nos setores de petróleo e gás, petroquímico, industrial, mineiro, infraestrutura e manufatureiro. Larga vivência nas atividades de construção de plataformas marítimas, oleodutos/ gasodutos terrestres e marítimos, plantas de processos em refinarias, mina de ouro e arena desportivas.

E-mail de contato: edivaldo.ffarias@gmail.com

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