Publicado em 04/10/2017
As quatro ideias no título deste texto são estreitamente interligadas, mas as vezes de forma não muito explícita. Isso nos faz considerá-las ou analisá-las como desconexas ou independentes. Precisamos desfazer essa crença, sobretudo no que se refere aos planos que temos para nosso futuro profissional.
Comecemos por projetos e oportunidades. É fácil entender que todo projeto, por ser único, é também uma oportunidade para que profissionais mostrem seu trabalho de forma mais expressiva. A rotina comum nas operações contínuas não se manifesta nos projetos e, portanto, as situações vivenciadas neles são grandes oportunidade para demonstrar outras competências. Há muitas situações que jamais seriam vivenciadas fora de um projeto e os profissionais que se destacam nesses contextos acabam merecendo um reconhecimento adicional.
As pressões em projetos costumam ser mais incisivas em diversos aspectos (prazos, controles, especificações, etc.). Não que não existam essas pressões em operações contínuas, mas é que nos projetos há diversas situações em que os processos para executar certas atividades não são “receitas já testadas”. Muitas das tarefas podem ser inéditas e as equipes precisam demonstrar flexibilidade e criatividade adicionais no dia a dia do projeto. Estão aí as oportunidades de se destacar. Mas estão aí também as oportunidades de “queimar o filme”. Situações importantes para as quais a equipe não gere o resultado necessário colocam os projetos em risco (grande ou pequeno, pouco importa). Essas situações de stress nos projetos (geradas por resultados parciais não atingidos a contento) são aprendizados para todos, mas são cicatrizes que o projeto carregará. Dificilmente alguém esquece uma cicatriz porque ela incomodará até o fim.
É nessa hora que surge o componente do compromisso. O empenho que cada profissional cede ao projeto é percebido pela equipe de forma até subliminar. Não é preciso relatórios, palavras ou gráficos suntuosos para demonstrar o comprometimento e dedicação.
Normalmente todo profissional envolvido em um projeto está também sendo dividido com outras tarefas concorrentes. Nas empresas quase sempre é preciso manter as atividades rotineiras e conciliá-las com as dos projetos nos quais participa. Se são vários projetos, os profissionais precisam se desdobrar entre eles. A gestão do tempo pessoal torna-se crítica para a obtenção de resultados. Não é à toa que gestão do tempo pessoal (agenda, produtividade, etc.) é assunto recorrente em Gerenciamento de Projetos.
O gerenciamento do tempo pessoal tem por base a definição de prioridades. Isso é natural e relativamente óbvio. O que nem sempre é óbvio é como definir prioridades. Ou ainda, como distingui-las de urgências. Mais que isso, gerenciar o tempo implica em não deixar que coisas importantes se tornem urgentes. O que é importante deve ser prioritário. É preciso, então, que cada um decida o que é importante para si. É nessa hora que o comprometimento com o projeto fica claro. A importância que cada um dá aos projetos que participa fica explícita nas suas prioridades estabelecidas. E estas prioridades ficam claras nas ações e resultados obtidos.
Contra os resultados não há retórica que se sustente. Atingidos os prazos do projeto, por mais que se apresentem explicações (e isso é necessário), o que fica explícito é a existência ou não dos resultados esperados. Afinal, chegamos ou não aos resultados? É isso que importa ao final. O que vem depois é aprendizado com as experiências vividas, mas objetivamente registram-se os resultados atingidos ou não.
As análises a posterior podem demonstrar que houve um ou outro problema de fato, mas demonstram também com clareza se houve ou não comprometimento, priorização, empenho. Os resultados importam ao projeto, mas aos profissionais importa ainda mais a imagem que deixam.
Tratando dos resultados obtidos chegamos à ideia de sucesso. Sem resultados não há sucesso. O projeto precisa gerar os resultados planejados para ser considerado sucesso. Isso é assunto corriqueiro em Gerenciamento de Projeto e, por mais que haja discussões, é fato que as pessoas avaliam os resultados que são visíveis ou perceptíveis a elas. Todo projeto deve gerar resultados perceptíveis às pessoas que o julgarão (normalmente seus empreendedores).
Na falta de resultados nos projetos, as discussões caem sobre os processos usados. O que deu errado? Por que não chegamos onde queríamos? E lembremos que os processos em projetos não são “receitas testadas” e, portanto, estão muito atrelados ao desempenho das pessoas. Ao avaliar processos é inevitável que o desempenho dos profissionais seja variável considerada.
A avaliação de desempenho em projetos considera, claro, a entrega ou não dos resultados esperados. Mas está vinculada à análise dos processos escolhidos ou criados para as tarefas, bem como à forma como foram desempenhadas pelos profissionais envolvidos. Por mais que não se trate de achar um culpado, é preciso entender onde ocorreram as falhas. Isso faz parte das lições aprendidas com o projeto.
Condições normais de avaliação não devem descredenciar profissionais por eventuais erros, pois afinal, erros são normais. Mas o aspecto comportamental pesa muito mais que o processual nessa análise. Há uma diferença muito grande entre não chegar aos resultados por falha de processo ou por falha comportamental. Se uma tarefa é executada com empenho, comprometimento, entrega, esforço, etc., em caso de fracasso, ficará mais claro que a falha é de processo.
O sucesso individual em um projeto pode ser atingido mesmo que o projeto seja um tremendo fracasso. As análises desenvolvidas durante o registro das lições aprendidas deixarão claras as características e competências que os profissionais demonstraram nos projetos. As oportunidades existem pela simples existência do projeto. O aproveitamento delas pelos profissionais não está condicionado ao sucesso do projeto.
É claro que ter sucesso pessoal num projeto bem-sucedido é mais fácil. Mas para quem tem um projeto e dentro dele aproveita as oportunidades com comprometimento, certamente terá seu sucesso pessoal garantido mesmo que o projeto não obtenha sucesso análogo. Afinal, seu desempenho profissional é um processo de garantia de qualidade no projeto chamado SUA VIDA e não apenas num outro projeto qualquer de uma empresa.
Participe de projetos, aproveite as oportunidades, se comprometa com as ações e colha o sucesso merecido!
Sobre o Colunista:
Renê Guimarães Ruggeri, Formado em Engenharia Civil, MBA em Gestão de Projetos, Especialista em Gestão de Empresas, 20 anos como Coordenador de Projetos AEC, autor dos livros “Redescobrindo o Processo do Projeto” (2015) e “Gerenciamento de Projetos no Terceiro Setor” (2011), Eng. Máster Coordenador de Projetos na Vale S/A (2011-2015), Professor da Academia Militar de MG no CFOBM (2003-2010), Diretor de Projetos da FEOP(2006-2008), participação em mais de 100 Projetos AEC de variados portes e tipologias (1995-2015), Instrutor, palestrante e escritor nas áreas de Engenharia de Projetos e Gestão de Projetos. Atualmente é Sócio-Proprietário da Renê Ruggeri Engenharia e Consultoria e atua com Gestão de Empreendimentos com foco em Gestão de Engenharia. E-mail de contato: rgruggeri@gmail.com – Site: www.reneruggeri.com
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