Publicado em 08/09/2013
Os estudos da Gerenciamento de Projetos são relativamente recentes e sua origem se mistura (ou confunde) com o início da Administração como Ciência Humana. O que percebemos são boas ideias de Henry Gantt, Edwards Deming. Alfred Sloan e mais recentemente Peter Drucker, serem aplicadas e sistematizadas em softwares e procedimentos.
Em outro artigo falaremos desses grandes homens que dedicaram seus estudos a favor dos processos de Gestão de Projetos. Desta vez vamos compreender esses termos muitas vezes no idioma Inglês e que nos deixam dúvidas na fidelidade da tradução.
O engenheiro de planejamento é o profissional responsável por compreender e codificar em documentos o Contrato de serviço ou produto. Ele precisa ter compreensões de uma série de termos utilizados entre seus colegas da área de planejamento e também explorados pelos programas e aplicativos de computador. Reuni a seguir alguns deles e espero com isso jamais limitar essa discussão a meia dúzia de expressões.
Vamos a eles:
1) Float (folga)
Após o desenvolvimento da rede PERT/CPM é identificado o caminho crítico do projeto. Atividades que não se encontram nesse caminho possuem folga (total e livre). Essa folga é a quantidade de períodos de tempo (horas, dias, semanas, etc) que essa atividade (ou tarefa) poderá ser desenvolvida sem comprometer a duração do projeto.
Figura 1 – Exemplo de Float (folga)
Na Figura 1 percebemos entre as atividades em VERDE que estão fora do caminho crítico e assim contem folgas (float). A folga livre (Free Float) informa quanto tempo uma atividade pode atrasar sem que haja impacto no início da atividade sucessora. Já a folga total (Total Float) informa quanto tempo uma atividade pode atrasar sem que haja impacto no término do projeto.
2) Buffer (pulmão, contingência)
Quem nunca passou, vai passar, isso pode-se ter certeza. Colocar uma “gordurinha” a mais nos prazos do planejamento é obra de qualquer Gerente de Projetos ou Engenheiro de Planejamento. Fazer isso com responsabilidade e de forma criteriosa é o desafio do profissional de planejamento de projetos.
Buffer é termo em inglês que significa contingência. Quando inserimos períodos de tempo (dias, semanas, etc) na duração de uma tarefa, fazemos isso muitas vezes para analisar cenário ou conter algum risco futuro de não atender o prazo final do projeto e por isso estendemos a duração. O nosso cliente recebe um planejamento mais extenso e isso pode até ser um risco de não ganharmos o serviço por apresentar um tempo maior que nosso contratante espera receber.
A forma certa de fazer isso é avaliar historicamente projetos que já realizamos e assim com cuidado inserir contingências (buffer) nas atividades críticas. Essas atividades são muitas vezes referentes a equipes internas ou fornecedores externos ao projeto e que por muitas vezes percebemos que eles não têm conseguido cumprir prazos. É bom ter muito cuidado e não exagerar na dose!
3) Overlapping (sobreposição)
Quando sobrepomos atividades (forçosamente um paralelismo ou fast tracking) queremos com isso adiantar trabalhos e melhorar os prazos do projeto, ou até mesmo evitar atrasos devido a outras atividades e inconveniências.
Essa atitude de overlapping pode ser feita conhecendo-se muito bem o escopo a ser entregue, as equipes que trabalharão no seu desenvolvimento e tudo isso vai cobrar do Engenheiro de Planejamento um esforço tremendo de acompanhamento e avaliação constante dos cenários e impactos causados por essa decisão.
Sobrepor atividades ou conjunto de atividades para garantir o prazo do projeto irá requerer um estudo de controle integrado de mudanças muito intenso.
4) Baseline (linha de referência, linha de base)
Figura 2 – Exemplo de Baseline e Lag
Após o planejamento realizado teremos as referências para acompanhamento do uso de recursos e dos prazos das tarefas. O cronograma, principal documento utilizado pelo engenheiro de planejamento, deverá nos dar condições de compararmos a qualquer momento o Planejado versus o Realizado.
O Planejado será visto com o nome de Baseline na Figura 2, é um termo em inglês que significa linha de base ou linha de referência. Com essa linha é possível comparar o Realizado, que será lançado no cronograma de tempos em tempos com forme suas atualizações (o que sugiro não serem muito delongadas).
5) Lag (latência)
Existem quatro possibilidades de realizarmos relacionamento entre atividades, a relembrar: fim-início (FS), início-início (SS), fim-fim (FF) e início-fim (SF).
Exemplo:
“Vamos ilustrar com essa situação: concreta-se uma estrutura e aplica-se uma latência correspondente a cura do concreto, para iniciar a desforma.”
Utilizamos lag para darmos um tempo suficiente para que a próxima atividade inicie sem comprometer a atividade predecessora ou o próprio projeto como um todo.
Figura 3 – Exemplo de Lag (latência)
6) Lack (falta)
Vamos avaliar a questão a seguir retirada de Flash Cards para estudo da Certificação PMP de Rita Mulcahy (RMC Projects):
“O gerente anterior para o seu projeto deu andamento às tarefas sem muita organização. Há um lack de controle de entregas do projeto claramente definido. Qual dos seguintes seria a melhor escolha para começar o seu projeto mais organizado?
A. Adotar uma abordagem de ciclo de vida do projeto.
B. Desenvolver as lições aprendidas para cada fase.
C. Desenvolver planos de trabalho específicos para cada pacote de trabalho.
D. Desenvolver uma descrição do produto do projeto.”
O termo lack fica aqui definido como falta, ausência. Muitos engenheiros de planejamento por não planejarem adequadamente ou por não estabelecerem procedimentos de controle do seu projeto acabam por criar verdadeiros “buracos negros” na gestão do empreendimento. As reações a essa falta poderão ser:
- Informações irreais do desempenho do trabalho do projeto
- Riscos inesperadíssimos (no superlativo e neologismo mesmo!)
- Atrasos, prejuízos
- Perda de lucratividade esperada
- Descontrole e dificuldade de retomada (das rédias) caso ações sejam postergadas
Fuja de lacks no seu projeto! Adote políticas sérias de planejamento e controle.
7) Delay (atraso)
Atrasou e foi para o brejo?! Pois bem, chorar e espernear é tarde. Repito muito em minhas aulas uma expressão batida mas bem real: “é melhor negociar prazo do que atraso”. No exemplo da Figura 4 podemos perceber que a Abertura da Ponte sofreu um atraso que “empurrou” o final do projeto por mais 14 meses da ideia original. Pois bem, se esse planejamento e atraso fora apresentado depois que todas as etapas ou boa parte delas já haviam atrasado, com certeza o cliente fez uso pesado de ações como multas ou pode até mesmo ter desistido do empreendimento (poxa, 14 meses é muito tempo de atraso!).
Podemos ver que o atraso (delay) não aconteceu em apenas uma fase do ciclo de vida da Construção da Ponte e sim em todos eles. Esse estudo e o cenário com proposição de um plano de reação precisa ser feito com urgência e o cliente informado de imediato.
Figura 4 – Exemplo de Delay (atraso)
Caso você conheça outros termos ou gostaria de enviar comentários sobre esses apresentados, utilize a área de comentários, vai ser um prazer contar com sua participação e trocar boas ideias!
Até o próximo artigo!
PS: a resposta para a questão no item 6) Lack é a letra A, se não acertou estude o capítulo 2 do PMBOK 5a Edição 😉 .
Este artigo contou com a colaboração de:
– Viviane Costa, Engenheira de Planejamento
– Roberto Guidugli, Engenheiro, Consultor e Professor em Gerenciamento de Projetos e Obras
Referências:
– Blog do Alexandre Paiva, http://gerentedeprojeto.net.br/?p=584
– Gerência de Projetos / Engenharia Simultânea – Nelson Casarotto Filho
Sobre o Colunista:
Ítalo Coutinho é formado em Engenharia Industrial Mecânica, Especialista em Gestão de Projetos e Mestre em Administração de Empresas. Gerente de Projetos e Engenharia da Saletto Engenharia. Coordenador e Professor de Cursos de Pós nas áreas de Engenharia de Planejamento, Gestão de Projetos de Construção e Montagem e Engenharia de Custos e Orçamentos.
E-mail de contato: contato@italonaweb.com.br / facebook.com/italonaweb
Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.
Parabéns pelo artigo Ítalo! Muito completo e de fácil entendimento, contendo elementos essenciais para a elaboração de uma metodologia gerenciamento de projetos eficaz.
Parabéns pelo artigo Ítalo! Os conceitos foram abordados de forma simples e didática, tornando-os acessíveis a todos, mesmo àqueles que possuem conhecimento reduzido em gerenciamento de projetos.
Além disso, entender melhor como funciona o processo de planejamento é fundamental. Na maioria das vezes, tende-se a menosprezar essa etapa, o que é evidenciado pelo número de projetos que não são cumpridos de acordo com o prazo, custo e escopo planejados. Mostrar alguns conceitos que devem ser considerados no planejamento do tempo auxilia bastante na execução desta atividade!
Espero sempre poder ter acesso a um material de tão boa qualidade quanto esse para complementar minha formação e de meus alunos!!
Ótimo artigo, esclarecedor e didático.
Parabéns pelo texto! Alguns termos que não conhecia, e estes ficaram claros . A realização de um projeto envolve muitas áreas e o Engenheiro de Planejamento tem sempre que estar atento, e estes termos facilita a compreensão e a execução de um projeto. Obrigada por compartilhar.
Muito útil, aborda estes conceitos tão utilizados por engenheiros de planejamento de maneira clara e objetiva. Parabéns Ítalo.
Muito útil os conceitos e exemplos abordados em seu artigo, visto que são termos frenquentemente utilizados em planejamento. Atualmente, o mercado exigi planejamentos cada vez mais eficientes, portanto é sempre bom nos mantermos atualizados. Parabéns e obrigada por contribuir para o meu conhecimento!
Parabéns Ítalo, o artigo ficou muito bom! Esses conceitos são fundamentais para os engenheiros de planejamento, porém muitas vezes são confundidos.No artigo foram explicados de maneira clara, o que facilitou a compreensão de todos.
Parabéns pelo artigo, Ítalo!
Ao longo de estudos sobre gerenciamento de projetos realmente nos deparamos com termos e nomenclaturas que às vezes causam dúvidas e dificultam o entendimento de um projeto. Esse artigo é muito esclarecedor e proveitoso para qualquer pessoa que o leia, especialmente para graduandos em Engenharia de Produção, como é o meu caso. Obrigado por compartilhá-lo!
Parabéns pelo artigo. Com esclarecimento desses termos em inglês fica fácil e melhora o aprendizado em gerenciamento de projetos. Muitas vezes ao se deparar com termos técnicos em inglês fica confusa a tradução para o português pelo tradutor, assim com melhor esclarecimento o aprendizado se torna mais eficiente.
Termos essenciais e inevitáveis para desenvolver projetos, todos explicados de forma bem objetiva!
Apenas faltou exemplificar melhor “Overlapping”.
Parabéns pelo artigo!! É de imprescindível importância para nós, futuros engenheiros, como também para os já formados, o domínio total de todas essas definições e que infelizmente ainda são tão pouco difundidas! Me foi muito esclarecedor. Obrigada!
Artigo bem interessante , bem explicado vários termos que um(a)engenheiro(a) de produção deve ter conhecimento desde planejamento , controle , prazo, como termos até então desconhecidos para a maioria , que despertam curiosidade para entender o significado e suas funcionalidades.
Muito bom o artigo. De fato é muito importante o conhecimento de tais termos, porque muitas vezes, esses são usados de forma incorreta, ou não são bem compreendidos.
No artigo, ficou muito bem explicado cada um dos termos, de forma simples e clara, fazendo com que qualquer leigo possa entender. Evitando assim, qualquer futura confusão ou desentenimento que possa ser criado.
Parabéns Ítalo, seu artigo é realmente muito bom! Foram apresentados termos até então desconhecidos por mim, mas que de forma clara e direta foram esclarecidos. Sem dúvidas serão de grande valia para a minha vida acadêmica e, posteriormente, profissional. Obrigada!
Gostei muito do artigo, parabéns! Foi explicado de uma forma clara e objetiva os conceitos que realmente confundem aqueles que estão começando seus estudos em gerenciamento de projeto. Foi de grande valia para complementar e esclarecer o que estou aprendendo na Universidade. Obrigada!
Parabéns pelo artigo, Ítalo! A compreensão dos conceitos que você apresentou é essencial para o trabalho de um engenheiro de planejamento. Como graduanda em engenharia de produção, o conhecimento que você transmitiu foi de grande utilidade para mim. Obrigada!
Todo bom Engenheiro de planejamento deve estar atento aos termos e definições utilizados em seu meio de trabalho. O artigo mostra alguns exemplos usuais e de muita valia para gerenciar projetos e adotar as estratégias necessárias, devemos nos atentar a eles para poder aplicar a ação correta para não comprometer o desempenho do projeto.
Parabéns pelo artigo.
Realmente existem muitos termos que precisam ser esclarecidos e você trouxe ótimas explicações de todos eles. Eu conheço apenas o básico de gerenciamento de projetos e consegui entender perfeitamente, espero também poder aplicar tais conceitos futuramente.
Obrigada por compartilhar conosco seu conhecimento.
O engenheiro de planejamento é aquele responsável por raciocinar o projeto antes e durante a execução do mesmo. A dedicação ao bom planejamento possibilitará traçar a sequência ideal com base em prazo e custo, sendo importante considerar os imprevistos, assim cria-se a baseline. O acompanhamento do executado nos permite vizualizar possíveis desvios do planejado a tempo de tomar providências que impeçam estouro de prazo e custo ou como foi dito pelo autor, podemos negociar essa questão antes de acontecer, o que é mais fácil e confortável do que após o término do projeto. A partir dai concluímos que o tempo dedicado à engenharia antes da execução do projeto nos dá condições de traçar o caminho ideal é vizualizar que algo pode sair do planejado a tempo de tomar atitudes que irão salvar o mesmo. Esse é o papel do engenheiro de planejamento e o que o torna cada vez mais indispensável para projetos de sucesso.
O engenheiro de planejamento é aquele responsável por raciocinar o projeto antes e durante a execução do mesmo. A dedicação ao bom planejamento possibilitará traçar a sequência ideal com base em prazo e custo, sendo importante considerar os imprevistos, assim cria-se a baseline. O acompanhamento do executado nos permite vizualizar possíveis desvios do planejado a tempo de tomar providências que impeçam estouro de prazo e custo ou como foi dito pelo autor, podemos negociar essa questão antes de acontecer, o que é mais fácil e confortável do que após o término do projeto. A partir dai concluímos que o tempo dedicado à engenharia antes da execução do projeto nos dá condições de traçar o caminho ideal é vizualizar que algo pode sair do planejado a tempo de tomar atitudes que irão salvar o mesmo. Esse é o papel do engenheiro de planejamento e o que o torna cada vez mais indispensável para projetos de sucesso.
Concordo com os termos utilizados.
O gerente de projeto ou engenheiro de planejamento deve conhecê-los minuciosamente. Saber identificar os pontos críticos, planejar a confecção do produto em tempo hábil e com antecipação, facilitará o acompanhamento das fases entre o proposto e o executado. Ter um tempo entre cada etapa do projeto é viável e garante ao responsável pelo projeto a oportunidade da verificar a existência da falta ou ausência de procedimentos de controle. Quanto ao atraso na entrega do produto ou projeto, o capítulo 10 do PMBOK fornece uma visão geral dos processos de gerenciamento das comunicações, desenvolvendo uma abordagem apropriada, quanto à forma de como se deve proceder durante o andamento do projeto, contudo ao identificar qualquer problema que venha impactar o desenvolvimento das atividades, a melhor atitude é negociar os prazos e ser transparente com o cliente final. O que garantirá uma confiabilidade maior entre as partes interessadas.
Ivanir Geraldo Da Silva – (MBA Gestão De Projetos – Pitágoras – Betim)
Muito interessante, acho importante esse tipo de publicação, ajuda muita para quem não tem experiência e conhecimento ainda da área .
Parabéns Ítalo, ficou ótimo.
Bacana essa coluna sobre Engenharia de Planejamento. Quando possível publique um artigo sobre cálculo de durações de tarefas (prazos) através dos índices de produtividade de CPU´s de orçamento das empresas. O mercado existe muitas dúvidas sobre o tema….
Abraço
Cristian Hoehne – (MBA Gestão Projetos com ênfase Engª Planejamento – Ietec)