Publicado em 29/08/2013
Engenharia bem feita e com tempo para ser verificada: Uma dupla a favor do sucesso do seu projeto!
Muitas decisões são tomadas culturalmente, no espírito se todo mundo está fazendo, então é bom para o meu projeto também. Outras são tomadas baseadas no imediatismo. A certeza que temos é que para projetos, ambos os cenários não produzem, na maioria das vezes, os resultados esperados.
Nesse artigo discutiremos a questão da necessidade da Engenharia ganhar a relevância merecida nos projetos, como fase estratégica para os empreendimentos.
Introdução
Em tempos de tantas urgências, emergências, competitividade e mudanças, parece até uma ironia falar sobre Engenharia bem feita e com tempo para ser verificada antes de ser implementada, mas só parece!
Exatamente porque temos pressa é que alguns passos precisam ser mais lentos, como assim dizia o ex-presidente brasileiro Juscelino Kubitschek e Napoleão Bonaparte: Vamos devagar, porque tenho pressa!
Atualmente algumas práticas se tornaram muito comuns no mercado e que são muito discutíveis, e que vão completamente à contramão das boas práticas de Engenharia, e mais, corroboram expressivamente para o fracasso dos projetos, sejam elas:
- Engenharia básica pobre de informações acompanhando Editais e Termos de Referência para elaboração de propostas técnicas e comerciais.
- Etapa de Fabricação em execução avançada, sem o Projeto Executivo consolidado.
E o que isso tem a ver com Napoleão ou Juscelino? Tudo! Exatamente, porque trabalhamos com prazos quase inexequíveis, orçamentos abaixo do necessário para execução do projeto, é que precisamos fazer certo ou da melhor forma, da primeira vez e desde o inicio.
Engenharia e Acerto
O que observamos com frequência no mercado, na verdade, é uma baixa preocupação com a qualidade da Engenharia, sempre delegando à fase seguinte a solução dos problemas, quando na verdade a fase seguinte já nasce com problemas, contaminada pelos problemas da falta de qualidade da Engenharia.
Retomemos aos pontos acima apresentados, para criar aqui uma aderência com os problemas nas fases do empreendimento e o que tudo isso tem a ver com Engenharia bem feita e o sucesso do seu projeto.
Determinadas equipes e/ou empresas acreditam que fazer uma Engenharia Básica bem feita, no momento de solicitação da cotação, é perder tempo com algo que o contratado deverá fazer, e que inclusive deve estar no H/h orçado para Engenharia. Quais são os possíveis cenários dessa prática:
- A empresa que contrata corre o risco de não receber o que contratou, porque faltou informação na fase de contratação.
- Durante as discussões, do projeto, a empresa que foi contratada poderá concluir que “os entendimentos da discussão do projeto” na verdade, são escopos adicionais, e a empresa que contratou acaba por achar “óbvio” que faz parte do escopo, mesmo não estando claro no projeto.
- A empresa contratante não detém real percepção dos riscos que esta correndo omitindo informações, através de uma Engenharia pobre, além do preço que esta pagando por isso.
Conclusão 1 – Uma Engenharia básica bem feita, na fase de contratação colabora para que o seu projeto obtenha sucesso.
Figura 1- Exemplo de contaminação de fase
Ao que tudo indica não existe hoje outra solução, que não seja a fabricação ser iniciada, sem o projeto executivo estar aprovado. É um papo ou cultura generalizada, e não esta acontecendo em um mercado específico.
Realmente tenho poucas certezas acerca da “avaliação de risco” que é feita para essa tomada de decisão, isto é, fabricar sem o projeto executivo estar aprovado. Acredito que em muitas das vezes, a decisão é feita considerando um cenário com poucas informações, por pessoas que não possuem visão integrada, e por muitas vezes, que avaliam exclusivamente os cifrões da medição imediata. Na verdade, os que vemos no mercado, são pouquíssimas empresas, que são felizes ao adotar essa decisão.
Conclusão dois: Projeto Executivo aprovado gera um alto potencial de sucesso para o seu projeto.
Figura 2 – Possíveis problemas na etapa de sem Projeto Executivo aprovado
Engenharia bem feita e com tempo para ser verificada é disso que nossos projetos precisam! O imediatismo e cenários mal analisados vêm promovendo no mercado, uma Engenharia errante que tem contribuído para, atrasos, orçamentos com gastos acima do planejado, e pleitos adicionais.
O que fazer? Planejamento.
A fase de Engenharia precisa ser planejada para agregar valor ao projeto, ao invés de ser apenas uma fase, em que são gerados documentos, por mera formalidade, e delegando as próximas fases, ações e soluções.
É necessário que a Engenharia ganhe a relevância que de fato possui, ao invés de transferir as ações e soluções desta etapa, para as outras fases do empreendimento. Não vamos ser românticos, e esquecer que os prazos estão cada vez menos factíveis e decididos de maneira técnica, logo, não nos cabe outra ação que não seja aplicar um bom planejamento, para que a Engenharia cumpra o seu papel, e levando assim soluções e otimizações, quando possível, para as demais fases.
O que mais pode ser feito? Ter uma equipe qualificada para elaboração da solução de engenharia e também para execução dos desenhos. A regra é clara: Delega-se atividade e não responsabilidade! Não adianta colocar uma equipe, ainda sem experiência compatível com o projeto, e depois não ter ninguém para revisar o trabalho. O resultado será retrabalho!
Conclusão
Algumas vezes podemos ser forçados a iniciar uma fabricação, sem uma engenharia executiva concluída, mas que esta decisão seja tomada com menos imediatismo, e como mais racionalidade. Que a Engenharia seja verificada e ganhe o refinamento e ajustes necessários para que agregue valor ao projeto como todo, e não problemas. E por fim, que se entenda que a verificação da Engenharia não é atingir a perfeição, e sim, confiabilidade!
Referências
HELDMAN, Kim. Gerência de projetos: fundamentos. Rio de Janeiro: Campus, 2005. 319p. ISBN 8535216847
MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Administração de projetos: como transformar ideias em resultados. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 281 p. ISBN 8522431019
SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 747 p. ISBN 8522432503
Sobre a Colunista:
Shirlei Querubina é formada em Administração de Empresas pela PUC-Minas e MBA em Gestão de Projetos pela FGV. Atua há 16 anos no mercado de geração e transmissão de energia pela empresa Sinergia Engenharia e Consultoria, sendo os últimos 08 como Gerente de Projetos. Professora no Ietec-MG nos cursos de Gestão de Projetos em Construções e Montagem, Engenharia e Custos e Orçamentos e Engenharia de Planejamento.
E-mail de contato: squerubina@gmail.com
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