Publicado em 15/11/2013
Investimento na Qualificação Profissional: saída para fazer boas obras
As empresas enfrentam um sério problema de qualificação de mão de obra. Este problema acontece por vários motivos, um deles é a incoerência entre as exigências da vaga e do perfil do candidato selecionado. Este erro cometido por várias empresas acontece devido à necessidade de ocupar a vaga, para cumprimento de marcos contratuais, além da falta de comunicação entre o RH e a engenharia de campo, tecnologia de ponta.
Apesar destas falhas apontadas é reconhecido também que a mão de obra disponível no mercado de trabalho não atende às necessidades, hoje esta deficiência ocorre em todos os níveis hierárquicos das empresas. Muitos empresários tem enxergado como solução a qualificação dos trabalhadores após contratação.
Como consequência, a qualificação dos trabalhadores pertencentes a uma empresa faz com que a mesma consiga ganhos de produtividade e eficiência, bem como, maior lucratividade. As empresas, ao capacitarem seus empregados, promovem benefícios para elas mesmas, uma vez que o aprendizado é revertido em melhor qualificação para as atividades propostas. Conforme afirma Lazear e Gibbs (1998), quando o empresariado investe em qualificação, minimiza-se a necessidade de alteração do corpo de funcionários, ou seja, há redução da rotatividade, bem como das despesas com mobilização e desmobilização de funcionários. Deve-se destacar ainda que o investimento em qualificação tem como resultado a elevação do salário médio da economia, em decorrência do aumento da produtividade média dos trabalhadores.
O investimento em qualificação, assim como em qualquer outro tipo de investimento, é vantajoso quando o valor presente dos benefícios gerados pela qualificação é superior ao valor presente dos custos (LAZEAR; GIBBS, 1998). Os custos são facilmente mensuráveis, compreendendo as despesas com materiais técnicos, pagamento de mensalidades, etc., ou seja, todos os custos diretos envolvidos durante o processo de qualificação, qualquer que seja sua espécie. Deve-se ainda acrescentar ao cálculo dos custos o que os economistas chamam de custo de oportunidade, isto é, o custo em termos de uma oportunidade renunciada. Os benefícios, no entanto, são um pouco mais difíceis de mensurar, pois envolvem ganhos não quantificáveis como a valorização pessoal e autoestima.
Embora os benefícios da qualificação sejam refletidos em toda a economia e principalmente na empresa, a decisão do investimento deve partir exclusivamente do trabalhador. Tal afirmação se justifica pelo fato de que um indivíduo não interessado em obter os ganhos da qualificação pode fazê-la desperdiçando o investimento, seja ele custeado pelo próprio trabalhador, pela empresa ou pelo governo. Sendo assim, um trabalhador que não se sinta motivado em aceitar a qualificação pode fazê-la sem oferecer o retorno esperado. Daí a importância na fase do processo seletivo das empresas e identificação do perfil exigido, como já citado anteriormente.
A importância da educação e da formação profissional para o mercado de trabalho e para o desenvolvimento da economia é inquestionável. Contudo, as estatísticas mostram uma situação um tanto quanto preocupante – o baixo nível de escolaridade da população ocupada. Em média, os homens pertencentes à população ocupada possuem 7,2 anos de estudo, o que equivale ao ensino fundamental incompleto (Tabela 1). As mulheres, por sua vez, possuem em média um ano a mais que os homens, mas ainda aquém das necessidades do novo contexto do mercado de trabalho.
O treinamento no local de trabalho, (on-the-job training), consiste em uma das formas de qualificação profissional. Em estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), demonstrou-se que o número médio de horas dedicadas ao treinamento para a maior parte dos trabalhadores foi de uma a oito horas (CNI, 2005). Aproximadamente 40% dos indivíduos empregados por grandes empresas pertenciam a esta faixa de horas de treinamento e apenas 22,5% haviam recebido mais de quarenta horas de treinamento.
Podemos verificar que o processo de reestruturação produtiva pelo qual tem passado a economia exige do mercado de trabalho constantes adaptações e aprimoramentos. Aos trabalhadores, agentes fundamentais desse processo, impõem-se a necessidade de qualificação profissional como forma de elevar a produtividade e consequentemente, a competitividade econômica.
Em meio a esse contexto, tanto o setor público quanto o privado devem assumir a responsabilidade de promover a qualificação da mão de obra, tendo em vista que ambos serão beneficiados com os resultados. Embora os esforços de investimento em qualificação estejam aumentando no âmbito nacional, as evidências sobre a baixa qualificação e educação básica dos trabalhadores brasileiros ainda preocupam.
Referências:
CMM. Artigos. Qualificação de mão de obra – cenário brasileiro – <http://www.cmm-mg.com.br>. Acesso em 13 out. 2013
CNI-Confederação Nacional da Indústria. Indicadores de Competitividade na Indústria Brasileira: micro e pequenas empresas. Brasília: CNI; Sebrae, 2005.
LAZEAR, E. P.; GIBBS, M. Personnel economics for managers. New York: John Wiley, 1998.
Sobre os Autores:
Reginaldo, Sandro, Henrique, Luciano, Roberto.
Contexto: O presente artigo faz parte de uma série de 5 que analisaram os desafios para se entregar projetos de Construção e Montagem dentro do prazo estabelecido contratualmente. Foi realizada uma pesquisa com 23 participantes que determinaram 5 causas mais contundentes para o atraso de projetos. A pesquisa foi realizada no mês de outubro de 2013 com a Turma 3 de Pós Graduação em Gestão de Projetos de Construção e Montagem do IETEC, sob a orientação e coordenação do Professor Ítalo Coutinho.
Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.
Ainda não recebemos comentários. Seja o primeiro a deixar sua opinião.
Deixe uma resposta