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Tecnologia BIM: Uma nova forma de fazer engenharia e arquitetura

Publicado em 13/07/2015

Resumo

Buscar por novas tecnologias que ajudem no desenvolvimento de projetos e minimizem problemas de compatibilidade, trazendo maior qualidade nos projetos e que antecipe os problemas dos projetos antes da construção, tem sido uma constante para o setor de Engenharia, Arquitetura e Construção.

Este artigo visa apresentar uma abordagem sobre a tecnologia BIM, mais especificamente seu conceito e definição, assim como a forma como ele pode ser aplicado e onde pode ser utilizado em Projetos de Construção e Montagem.

Esse novo conceito de modelagem virtual de projeto vem ganhando grande visibilidade no setor de AEC (Arquitetura, Engenharia e Construção) e esse artigo visa também tornar esse assunto conhecido por cada vez mais profissionais da área.

 

Bim: O Que é

Um novo conceito na execução de projetos de engenharia, arquitetura e construção vem ganhando espaço nos últimos tempos. Após a introdução de softwares como o CAD a décadas atrás, a tecnologia BIM (Building Information Modeling), traduzida como modelagem de Informação da Construção, está revolucionando a maneira de se fazer projetos.

A tecnologia envolve o gerenciamento de informações do projeto, desde a fase inicial, criando um modelo digital que abrange todo o ciclo de vida do projeto. Nesse novo conceito é possível que projetistas de diversas áreas possam trabalhar em um mesmo arquivo central colaborando um ao outro, assim qualquer alteração em uma disciplina permite que essa nova tecnologia seja capaz de detectar antecipadamente as incompatibilidades construtivas.

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 Figura 1: Fluxo do BIM

Fonte: http://www.tekla.com/cdn/farfuture

Vale a pena deixar claro que falar sobre BIM, não é apenas falar de um programa. O BIM não é apenas um programa, ele é composto por um suíte de aplicativos que atende a várias disciplinas, mas seu conceito pode ser resumido como uma nova forma de entender, gerenciar e produzir projetos.

A utilização do BIM conjuga uma série de informações, as informações geométricas relativas a forma, dimensões, posição, etc., e as informações não geométricas, como custo, quantidades, resistência, entre outras características. E diferentemente do CAD, no BIM o mais importante não são os desenhos, mas as informações. Um conjunto de informações são lançadas, geradas e processadas durante o processo de desenvolvimento do projeto, que podem gerar além das modelagens 3D, modelos de planejamento, da construção e até a operação da obra.

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Figura 2: Diferenças em CAD e BIM

Fonte: http://blogdopetcivil.com/2013/02/22/bim-o-futuro-dos-projetos-de-engenharia

Além dos benefícios de compatibilização, da modelagem 3D, de modelos de planejamento, construção e operação, essa tecnologia consegue proporcionar a integração de todos os envolvidos no projeto, inclusive do cliente, gera uma quantificação dos materiais, que facilita e reduz erros nos orçamentos e também é possível fazer uma estimativa e análise de risco.

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Figura 3: Esquema da integração dos envolvidos no projeto

Fonte: http://www.siscad.pt/produto.php?area=7&id=391&escolha=Geral#salto

Dentre os softwares mais utilizados com a tecnologia BIM, podemos destacar:

  • Revit (Autodesk)
  • ArchiCAD (Graphisoft)
  • Vectorworks (Nemestcheck)

O BIM ainda não é realidade da grande maioria dos projetos no Brasil, mas diante dos ganhos que essa tecnologia pode trazer aos projetos, se bem utilizado, fica obvio que a sua utilização massiva ao longo dos próximos anos será uma tendência natural dos profissionais da área. É claro que implementar essa tecnologia exige tempo e dedicação para que a implantação dos projetos seja um sucesso.

Bim: Aplicação em Projetos de Construção e Montagem

Assim como nos projetos arquitetônicos prediais, onde tem sido mais utilizado no Brasil, nos projetos de Construção e Montagem industriais o BIM pode ser aplicado de forma notável obtendo-se bons resultados, como já vem sendo feito largamente em outros países.

É possível que na fase de projeto de Construção e Montagem o BIM proporcione ao projetista a concepção dos projetos inserindo todos os parâmetros desde materiais, estruturais, de questões ambientais, de custos, etc., sem deixar de lado, é claro, os desenhos. Utilizar o BIM nesse tipo de projeto permite que se possa visualizar antecipadamente a volumetria do projeto, estimativa de custos, a lista de quantidades, análise de riscos, análises ambientais e os mais diversos itens de um projeto. Tudo isso facilita a tomada de decisão de forma mais rápida, além de permitir redução de erros em projetos e em estimativas de custos.

Essa redução de erros em projetos e estimativas é possível graças ao processamento automático de qualquer modificação e alterações no projeto e nos parâmetros lançados, modificando todos as plantas, orçamentos, lista de quantitativos, etc., permitindo então uma comunicação de qualidade com os envolvidos de todas as disciplinas e gerando por fim um projeto de maior qualidade, visto que as informações são integradas.

De acordo com CAMPBELL (2007), citado por SOUZA, AMORIM E LYRIO, o BIM, associado a indústria do AEC, mostra-se como uma importante ferramenta, capaz de contribuir na integração dos processos a partir da eliminação de ineficiências e redundâncias, aumentando a colaboração e comunicação, a fim de garantir melhores resultados de produtividade.

Essa nova tecnologia traz a modernização dos processos da construção e montagem e consequentemente trará para esse segmento da industria uma melhora significativa da produtividade em projetos e um aumento da qualidade.

Outra grande vantagem para aplicação do BIM em projetos de Construção e Montagem diz respeito ao uso da modelagem 3D que permite a visualização e o entendimento do projeto por todos os stakeholders, mesmo que estes não tenham conhecimentos técnicos das simbologias e representações de desenho geométrico. A utilização da modelagem em 3D aproxima o cliente, pois facilita seu entendimento do todo do projeto, assim como dos investidores, usuários finais, entre outros, fazendo com que esses envolvidos possam contribuir com soluções mais apropriadas e próximas das suas expectativas.

A adoção do BIM como ferramenta permitirá uma proximidade real entre o projeto e a construção propriamente dita, constituindo-se como um valioso instrumento para os gestores, visto que auxiliará na tomada de decisão, permitindo acesso as informações gerenciais mediante a manipulação de um modelo virtual do empreendimento. Assim, será possível controlar, adaptar e modificar o empreendimento muito antes dela se tornar realidade. E isso representa redução de custos e riscos, melhorando as chances de sucesso e a qualidade do processo.

Umas das grandes vantagens do BIM em projetos de Construção e Montagem é o uso da engenharia simultânea e da interoperabilidade da informação que desempenham um papel importante no gerenciamento do empreendimento. Diferentemente do que ocorre no processo tradicional de projeto (utilização do CAD), a utilização do BIM permite que qualquer ajuste no projeto, todos os elementos de projeto relacionados se atualizam automaticamente, permitindo que se veja imediatamente o impacto no projeto, desta forma facilita a avaliação e dá muitas mais alternativas de projeto.

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Figura 4: Processo tradicional de Projeto

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Figura 5: Processo BIM de Projeto

Fontes: http://www.prosystems.com.br/ps/index.php?ch=news&ac=view&t=389

Essa ferramenta também auxiliará no estudo e análise de valor do negócio a ser empreendido, facilitará o gerenciamento das mudanças, o rastreamento de informações da linha de base, diminuirá a probabilidade da necessidade de mudanças de projetos e consequentemente diminuirá também o número de aditivos contratuais.

Durante a execução do empreendimento permitirá também uma melhor coordenação de projetos e verificação de interferências, gerando documentação mais precisa, análises críticas e de construtibilidade. A facilidade de visualização do empreendimento através de inúmeros cortes, vistas e perspectivas também contribuirá para a geração de soluções de projeto mais inteligentes.

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Figura 6: Exemplo de visualização de Interferência Construtiva com o BIM

Fonte: http://static-wd.autodesk.net/content/dam/au/Brasil-2014/documents/materialapoio/2012/AUBR-43_Apostila.pdf

De acordo com JUSTI (2008), citado por SOUZA, AMORIM E LYRIO, a implantação de novas tecnologias baseadas em BIM no entanto, pressupõe a reestruturação das empresas através da reorganização dos processos, da implementação de uma nova forma de organização do trabalho e de um novo modo de pensar o processo de projeto, visto agora de forma totalmente integrada. Além disso, o uso do BIM requer novas qualificações do profissional, aquisição de novos equipamentos, e uma nova forma de lidar com os demais agentes no processo.

 No Brasil percebeu-se que essa tecnologia começou a ser utilizada por escritórios de arquiteturas, porém os outros projetistas como calculistas e projetista de instalações ainda não utilizam a tecnologia. Assim escritórios que usam o BIM acabam repassando para esses projetistas os desenhos em CAD.

A pouca utilização dessa tecnologia no Brasil diz respeito principalmente a escassez de mão-de-obra especializada, a resistência à mudança aliada ao longo processo de aprendizagem, o alto investimento com máquinas e treinamentos, consoante com a falta de tempo e recursos financeiros. Tudo isso dificulta de forma significativa a implantação efetiva da tecnologia nos escritórios de projeto do país.

 

Conclusão:

Diante do todo o exposto acima, apesar do uso ainda incipiente no Brasil, podemos concluir que a utilização e aplicação dessa nova tecnologia proporcionará inúmeros benefícios na execução do projeto de Construção e Montagem, não só na fase de projeto, assim como poderá trazer inúmeros benefícios também nas fases de Construção, Montagem e Operação. Com a divulgação cada vez mais forte, a implantação e utilização dessa tecnologia será uma evolução natural do mercado, inclusive como exigência dos clientes e gestores da área.

Podemos inferir que a implantação da integração dos projetos precisa evoluir afim de se obter maior velocidade, maior qualidade e melhor gerenciamento dos projetos, visto que a efetiva implantação desse novo modo de fazer projetos é o caminho para minimizar principalmente os problemas de incompatibilidade e de estimativas e orçamentos errôneos.

FAÇA DOWNLOAD DA APRESENTAÇÃO DO ARTIGO: Tecnologia BIM

Referências:

 Artigos_pmkb

 Autores: 

Artur de Souza Chaves, Pós-graduando no Curso de Aperfeiçoamento em Gestão de Projeto em Construção e Montagem pelo IETEC/MG e graduado em Engenharia Civil pela Universidade FUMEC no ano de 2009. Experiência em Planejamento, Gerenciamento, Fiscalização e Acompanhamento de projetos comerciais, residenciais e industriais, com 11 anos de atuação em projetos de engenharia civil, atuou em diversos empreendimentos pelas Empresas: COGEFE, ENESA e atualmente pela GÉRANCE. A exemplo dos projetos e empreendimentos trabalhados, temos: Reforma do Trocador de Calor de Gás de Coqueria na Refinaria Gabriel Passos em Betim/MG; Planejamento e Controle do Centro Olímpico de Esportes Aquáticos dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 no Rio de Janeiro/RJ; Reforma do Hospital da Santa Casa – Projeto 1.000 Leitos SUS; Planejamento de implantação do Espessador de Minério na CSN – Mineração Casa de Pedra em Congonhas/MG; Implantação de Shopping Center em Macapá/AP. E-mail: eng.arturchaves@gmail.com

Rafael Fernando Diniz Castro, Pós-graduando no Curso de Aperfeiçoamento em Gestão de Projetos em Construção e Montagem pelo IETEC/MG. Engenheiro Eletricista graduado pela PUC Minas. Experiência como Engenheiro de Orçamentos, na elaboração de canteiros de obra e planos de rigging para dimensionamento de guindaste para obras, elaboração de propostas técnicas, comerciais e planejamento de projetos para elaboração de metodologias de execução e planos de montagem de obras de montagem eletromecânicas, elaboração de orçamentos, propostas técnicas, propostas comerciais, matriz de responsabilidades e premissas básicas para a execução de obras de montagem eletromecânicas. E-mail: rafael.diniz.castro@gmail.com 

Tássia Dias Figueredo. Pós-graduanda no Curso de Aperfeiçoamento em Gestão de Projeto em Construção e Montagem pelo IETEC/MG. Engenheira Civil graduada pela Universidade Federal da Bahia e Graduada em Desenho Industrial com habilitação em Programação Visual pela Universidade do Estado da Bahia. Experiência de cinco anos como responsável pelo programa de Engenharia/Planejamento e como Jovem parceira na Odebrecht Infraestrutura em Angola. Experiência como Técnica de Projeto, Construção e Montagem na Petrobras. Atua com acompanhamento técnico e planejamento de obra e compras, elaboração de propostas técnico-econômicas, Identificação e estudo de viabilidade de soluções de engenharia. E-mail: tassiafigueredo@yahoo.com.br

Contexto: o presente trabalho é resultado de pesquisa realizada com alunos da 5a Turma de Gestão de Projetos em Construção e Montagem com coordenador Ítalo Coutinho do IETEC.

Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir

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  1. Flavia Ciqueira disse:

    Assim como citado pelos autores do texto, o uso do BIM é uma tendência na AEC, no entanto ainda existem barreiras técnicas, como a falta de profissionais capacitados, barreiras culturais, como a resistência dos envolvidos com esta área (muitos arquitetos, engenheiros e gerentes de projetos) e por fim, e não citado, a falta de suporte tecnológico para o uso compartilhado e massivo entre os diversos projetistas, pois para o uso real dessas ferramentas e aplicação do BIM é preciso ter uma rede integrada para compartilhamento simultâneo de dados.
    Outra dificuldade é o uso de ferramentas que trabalhem com o conceito de Interoperabilidade, ou seja, uso de softwares que possam transferir informações a outros programas. Dessa forma observamos a necessidade de se realizar parcerias, para que escritórios trabalhem com ferramentas que “conversem” entre si.
    Logo uso do BIM é essencial para a melhoria de várias etapas da construção, no entanto ainda são poucas empresas que possuem condições para a aplicação real do conceito em seu sistema.

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