Publicado em 13/11/2013
Há alguns anos, o controle da engenharia era feito simplesmente considerando a relação de emissão de A1 equivalente. Ou seja, se a lista previa 2.000 A1 equivalentes e a engenharia entregou 1.000 A1 equivalentes o projeto era medido com 50% de avanço. Essa metodologia não leva em consideração o real esforço para a realização do documento. As vezes, um documento com 10 A1 equivalentes gasta menos esforço que um documento de 1 A1 equivalente. No entanto, o de 10 A1 equivalente tem maior peso na curva.
Para que o controle seja eficaz, faz-se necessário considerar o esforço e a produtividade da equipe. A engenharia deve ser medida pelos documentos realizados somados a realização das atividades não geradoras de documentos.
Durante a fase de propostas são levantadas as horas que serão gastas para a realização do escopo. Essas horas estão divididas em horas por documento e horas de atividades não geradoras de documentos, tais como horas para coordenação, análise técnica, comentários em desenhos de fornecedor, dentre outras. Com base nessa distribuição de horas ao longo do tempo é que o projeto será medido utilizando a metodologia de valor agregado.
O primeiro passo é montar o cronograma físico-financeiro, que será desdobrado a partir da EAP (estrutura analítica do projeto) e que terá como resultado a curva S baseline. O segundo passo é configurar o sistema de apropriação de horas no mesmo nível do cronograma. Dessa forma será possível comparar o previsto, o agregado e o realizado.
Imagine a situação da planilha abaixo:
Tem-se um projeto de engenharia de 490 horas sendo 290 horas para a realização dos documentos da área A e 100 horas para a realização dos documentos da área B e mais 100 horas para atividades não geradoras, sendo 50 horas para a área A e 50 horas para a área B.
O sistema de apropriação de horas deve estar configurado com os mesmos códigos de controle A.01, A.02, B.01 e B.02. Assim será possível comparar o previsto com o realizado.
Para o cálculo do valor agregado será necessário a utilização do critério de medição adotado para o projeto. Para o exemplo acima, adotaremos o seguinte critério de medição:
Atividades Geradoras de Documentos:
- Iniciado: 15%
- Em verificação: 60%
- Para aprovação: 80%
- Aprovados: 90%
- Para construção: 100%
Atividades Não Geradoras de Documentos:
Avanço baseado no esforço gasto.
Portanto, teremos as seguintes apresentações:
Real |
Agregado (Realxhoras) |
|||
A.01.D01 |
100 |
15% |
15 |
|
A.01.D02 |
30 |
100% |
30 |
|
A.01.D03 |
60 |
80% |
48 |
|
A.01.D04 |
45 |
15% |
6,75 |
|
A.01.D05 |
15 |
0% |
0 |
|
A.01.D06 |
40 |
0% |
0 |
|
290 |
99,75 |
34,4% |
||
B.01.D01 |
30 |
60% |
18 |
|
B.01.D02 |
35 |
15% |
5,25 |
|
B.01.D03 |
35 |
80% |
28 |
|
100 |
51,25 |
51,3% |
Ao analisar a lista de documentos pode-se verificar que a área A tem um progresso se 34,4% e a área B de 51,3%. Ao analisar o projeto incluindo as horas gastas retiradas do sistema de apropriação tem-se:
1.1 Area A |
Horas |
% |
Horas Gastas |
Agregado |
Produtividade |
A.01 |
290 |
34,4% |
110 |
99,75 |
0,91 |
A.02 |
50 |
50,0% |
25 |
25 |
1,00 |
1.2 Area B |
0 |
||||
B.01 |
100 |
51,3% |
70 |
51,25 |
0,73 |
B.02 |
50 |
100,0% |
50 |
50 |
1,00 |
490 |
46,1% |
255 |
226,06 |
0,89 |
Portanto, pode-se perceber facilmente que o projeto apresenta um progresso de 46,1% e tem um tendência de consumir mais horas do que estava previsto uma vez que a produtividade encontrada foi de 0,89. Se a engenharia mantiver essa produtividade o projeto irá consumir 62,7 horas adicionais.
Dentre as várias técnicas de análise de desempenho, a análise do valor agregado ganha destaque por fornecer resultados precisos a partir da integração de dados reais, permitindo ao planejador uma clara noção da situação atual do projeto, além de permitir análises de tendência.
Referências
Dorea, Aldo Mattos. Planejamento e Controle de Obra. 1ª Edição, São Paulo: Editora Pini. 2010.
Sobre a Colunista:
Fernanda Guimarães Borges, mestre em Engenharia Mecânica e graduação em Engenharia Mecatrônica pela PUC_Minas, Pós-graduada em Gestão de Projetos pela X-25. Atuou como engenheira de projetos e PSO da regional Centro-Oeste, pela Votorantim Cimentos. Trabalha há seis anos na área de planejamento e controle de engenharia, em empresas como SNC-Lavalin e atualmente na Worley Parsons. Professora da instituição Faculdade Pitágoras para os cursos de Engenharia Civil, Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção e Professora do IETEC nos cursos de Planejamento de Engenharia e Engenharia de Custos e Orçamentos.
E-mail de contato: fer_borges@hotmail.com
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Muito interessante e requer uma “quebra de paradigma” nas empresas de engenharia. Parabéns.