Publicado em 25/02/2019
Qual Era a Posição dos Americanos em Relação aos Produtos Defeituosos? Qual a Importância de Deming e Juran Para a Qualidade Total? O Que os Japoneses Fizeram Pela Qualidade?
Nessas minhas andanças pelo mundo corporativo venho me deparando com algumas histórias completamente inusitadas e, certamente, algumas delas valem a pena recordar.
A principal história começou no início dos anos 50, quando era comum a indústria mundial fabricar produtos com defeitos e, mais comum ainda, os consumidores comprarem esses artigos sem qualquer tipo de compensação financeira.
Naquela época não existiam programas que defendessem os consumidores e, em consequência disso, as indústrias fabricavam produtos de péssima qualidade e os consumidores compravam sem ter a quem reclamar.
Porém, dois americanos (Edward Deming e Joseph Juran) começaram a divulgar a ideia de serem capazes de ensinar às indústrias a fabricarem produtos “sem defeitos”.
Essa ideia incomodava os fabricantes americanos que, com pouca concorrência nessa época, estavam acomodados a produzirem lotes com cerca de 20% de produtos com algum tipo de defeito.
O engenheiro Deming divulgava a ideia de ser capaz de fabricar produtos de qualidade através da diminuição gradativa dos índices de defeitos. Isto é, para ele, o percentual de produtos defeituosos poderia ser minimizado através de controles estatísticos do processo de produção.
Já o sociólogo Juran pregava um discurso de cunho social, afirmando que “os consumidores tinham o direito de comprar produtos de qualidade e, os fabricantes, a obrigação de fabricá-los”.
Ele dizia que os consumidores tinham o direito de manutenção dos produtos após a sua compra e, além disso, os fabricantes tinham o dever de trocá-los por outro – caso viessem com algum tipo de defeito.
Essas ideias foram consideradas inusitadas pelos congressistas americanos, pois a maioria deles era composta de industriais que não queriam investir mais recursos no processo produtivo. Dessa forma, Deming e Juran foram praticamente “obrigados” a divulgar suas ideias em outros países.
Paralelamente, o Japão vivia um período de reconstrução do país que havia sido arrasado pelas bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki e, em função disso, ambos foram “convocados” a aplicarem suas teorias em terras nipônicas.
Chegando lá ambos encontraram o ambiente ideal para a aplicação das suas teorias, pois os japoneses além de adorarem aprender coisas novas são altamente disciplinados e obedientes.
Sendo assim, Deming e Juran trabalharam durante anos ensinando os japoneses a fabricar produtos sem defeitos e, consequentemente, o Japão foi precursor da Qualidade Total ao produzirem artigos com “defeito zero”.
Anos depois, ao perceberem o avanço dos produtos japoneses no mercado, os EUA convocaram Deming e Juran a ensiná-los Qualidade Total, embora o “estrago” já tivesse se consumado – pois, a partir disso, o Japão se tornou líder mundial em produtos audiovisuais, motocicletas e outros.
Sobre o autor:
Julio Cesar S. Santos Professor, Consultor e Palestrante. Articulista de Vários Jornais no RJ, autor dos seguintes livros: “Promoção e Merchandising Eficientes Para Pequenas Empresas” e “Vendedor Profissional” (Ed. Aprenda Fácil); “Qualidade no Atendimento ao Cliente” e “Liderança, Atitude e Comportamento Gerencial (Ed. Clube de Autores); “Estratégia: o Jogo Nas Empresas” e “Planejamento de Vendas” (AGBook Editora) e Co-Autor de “Trabalho e Vida Pessoal – 50 Contos Selecionados” (Ed. Qualytimark, Rio de Janeiro, 2001).Por mais de 25 anos treinou equipes de Atendentes, Supervisores e Gerentes de Vendas, Marketing e Administração em empresas multinacionais de bens de consumo e de serviços.Elaborou o curso de “Gestão Empresarial” e atualmente ministra palestras e treinamentos presenciais e à distância nas áreas de Marketing, Administração, Técnicas de Atendimento ao Cliente, Secretariado e Recursos Humanos.Graduado em Administração de Empresas, Especialista (MBA) em Marketing e Mestre em Gestão Empresarial. E-mail de contato: jcss_sc@yahoo.com.br .
Muito interessante a relação entre a qualidade, satisfação, exigência e direitos dos consumidores, e como uma infere na outra de maneira bem integrada.
No setor (mineração) onde atuo o cliente não mais tolera falhas, por se tratar de um setor que vem sofrendo bastante com falhas e defeitos, vide os acidentes com barragens recentes, sendo assim, entregar projetos com zero defeitos é imprescindível.
Acredito também que com a globalização e internet, as informações sobre defeitos e problemas de qualidade, assim como a garantia da mesma, estão cada vez mais suscetíveis a atingirem uma grande parte dos consumidores interferindo muito no consumo, logo, assume-se que atingir a Qualidade Total de Edward Deming e Joseph Juran, faz cada vez melhor para os negócios e não possuí-la traz cada vez mais prejuízos.