Publicado em 12/12/2018
Resumo: A preocupação em atingir maiores níveis de qualidade, rapidez na tomada de decisão e maior assertividade no que tange a gestão de projetos, fez com que novas metodologias de trabalho fossem criadas. Oriunda da gestão de projetos com alto grau de imprevisibilidade, as metodologias ágeis trazem aspectos menos burocráticos e rápidos na solução de dificultadores que podem vir acometer o projeto. Este trabalho propõe demonstrar e exemplificar o ganho produtivo na aplicação das metodologias ágeis seja em projetos de software ou em projetos tradicionais, levando em consideração os aspectos necessários para uma mudança entre metodologias e os cuidados a serem tomados para alcançar a plenitude de aplicação e desempenho.
Palavras-chave: Metodologias. Projetos. Desempenho.
Abstract: The concern to reach higher levels of quality, speed in decision making and greater assertiveness regarding project management, has created new working methodologies. The management of projects with a high degree of unpredictability, agile methodologies bring less bureaucratic and fast aspects in the solution of difficulties that may come to the project. This work proposes to demonstrate and exemplify the productive gain in the application of agile methodologies, whether in software projects or in traditional projects, taking into account the necessary aspects for a change between methodologies and the care to be taken to reach the fullness of application and performance.
Keywords: Article. Methodologies. Projects. Performance.
1 Introdução
A ideia inclinada ao modelo “Agile” utilizado hoje nasceu antes da década de, porém apenas em 2001 são realmente estruturadas e definidas como Metodologias Ágeis.
O principal objetivo das Metodologias Ágeis, é o de dar as pessoas o papel fundamental no desenvolvimento dos projetos, dando importância a comunicação, motivação de cada integrante e preocupação com a qualidade. O resultado esperado sempre será a entrega de um produto funcional e adequado ao que o cliente realmente deseja. O cliente participa diretamente do processo, a cada iteração, tendo um papel decisivo e assertivo na definição dos novos requisitos, deixando de lado a ideia de acordar todo o projeto no início.
Tomás Mário em 2009 reforça que o pretendido na aplicação de metodologias ágeis é a redução dos ciclos de entrega, maior adaptabilidade e flexibilidade a alterações ou ao aparecimento de novos requisitos dos stakeholders, assim como o cumprimento dos prazos de entrega.
Contudo, os objetivos das metodologias ágeis são interações com pessoas, softwares de simples execução, envolvimento e de clientes, para se obter respostas rápidas e eficientes para as mudanças necessárias, ao contrário do que era utilizado antes, com processos e ferramentas, documentação extensa e confusa e constantes negociações de contratos. Quanto aos clientes, buscar sempre conversas pessoais ao invés de outros meios de comunicação, buscando sempre a simplicidade nos métodos, facilitando o feedback.
2 Desenvolvimento
A área de engenharia de projetos vem sendo muito afetada pelo atual cenário econômico Brasileiro. A crise financeira que assola o país desde o ano de 2013 tem feito com que grande parte dos projetos de engenharia aflorem um ponto muito semelhante entre eles: a execução no menor prazo possível. Os problemas vão desde a definição de escopo, a qualidade do projeto e custo, porém todos são afetados diretamente pelo prazo.
O principal desafio é entregar um projeto no prazo, com custo e qualidade adequados (UCHÔA, 2017).
Cada dia mais os investidores querem que os seus projetos sejam executados em menor tempo, isso acontece porque o custo indireto e o tempo estão diretamente ligados.
Uchoa em 2017 destacou que em épocas de crise o que todos fazem é tentar realizar o projeto o mais rápido possível para que se gaste menos dinheiro e ter um retorno mais rápido.
Uma saída para este problema que permite otimizar prazo na execução dos projetos e ainda não afetar a sua qualidade seria a implementação de metodologias ágeis ao invés de se utilizar as tradicionais metodologias que são amplamente usadas em projetos de engenharia.
A Tabela 1 mostra as principais diferenças existentes entre metodologias tradicionais e metodologias ágeis:
Tabela 1 – Diferenças entre Gestão tradicional e Metodologias Ágeis
FONTE: Artigo da revista PRODUCTION, 2016, Diferenciando as abordagens tradicional e ágil de gerenciamento de projetos
2.1 Principais características em equipes ágeis
As equipes ágeis se destacam principalmente pelo fato da equipe se adaptar ao projeto e não o projeto. Algumas características são indispensáveis dentro deste tipo de equipe:
- Competência: Que deve estar presente em qualquer equipe, seja ela ágil ou não.
- Foco: Todos podem ter se diferenciar nas competências e habilidades, mas precisam ter o mesmo foco, como o de entregar suas atividades ao cliente dentro do prazo prometido.
- Colaboração: A equipe precisa colaborar uns com os outros, com o cliente e com os gerentes de forma a conseguir analisar, avaliar e usar/comunicar informação de forma eficiente.
- Tomada de decisão: É fundamental que a equipe tenha autonomia para tomar decisões.
- Habilidade para resolver problemas: Uma equipe ágil lida constantemente com ambiguidades e com modificações repentinas durante o projeto.
- Respeito e confiança mútua: A equipe tem que funcionar como um todo, e deve-se tornar “tão fortemente aglutinada que o todo é maior que a soma das partes”. DeMarco e Lister 1998.
2.2 Modelo Ágil de Processo: Scrum
Existem inúmeros modelos de processos ágeis, sendo o mais conhecido o modelo Scrum.
O Método Scrum foi desenvolvido por Jeff Sutherland no início da década de 90. O Scrum, usa um conjunto de “padrões de processo de software”, que são adequados para projetos com prazos curtos e requisitos que mudam constantemente.
- Pendência: Consiste numa lista priorizada de requisitos ou características do projeto que fornecem valor de negócio para o cliente. O gerente avalia e define prioridades quando necessário.
- Sprints: Consiste em unidades de trabalho que são necessárias para satisfazer um requisito definido na pendência, num determinado período de tempo (tipicamente 30 dias, e durante este tempo os itens em pendência relacionados com as unidades de trabalho, não podem ser mexidos). Quer-se um ambiente estático a curto-prazo para os trabalhadores.
3 Aplicabilidade de Metodologias ágeis na engenharia
As metodologias tradicionais para elaboração dos projetos de Engenharia são aplicadas de forma automática nos projetos quando os mesmos são iniciados, muitas vezes pelo fato dos gerentes de projetos não analisarem as metodologias disponíveis antes de se iniciar o projeto ou até mesmo pelo fato de exigência de clientes por desconhecerem outras metodologias que podem ser aplicadas aquele tipo de projeto. Estas metodologias na maioria das vezes são burocráticas e requerem na maioria das vezes um quantitativo maior de pessoas para serem aplicadas. As metodologias Ágeis se caracterizam pelo fato de se possuir no projeto uma equipe auto gerenciável e totalmente intercalada e eficiente. Nos projetos de Engenharia, em sua maioria multidisciplinares esta metodologia poderia ser aplicada de tal forma que cada disciplina seria auto gerenciável, sendo papel do gerente de projetos intercalar as informações entre as mesmas, visto que as mesmas possuem dependência umas das outras para elaboração de seu escopo. Outra vantagem da utilização de metodologias ágeis nos projetos de engenharia seria a questão do planejamento. Em uma metodologia tradicional o líder da equipe seria responsável pelo planejamento das atividades, sendo assim o mesmo iria apenas repassar a equipe de como as mesmas seriam executadas, tendo assim esse planejamento uma visão ímpar, porém nas metodologias todos possuem a função de planejamento desde os gestores aos executores das tarefas, porém os gestores são os principais responsáveis e os colaboradores últimos. Os métodos ágeis se bem aplicados podem ser uma boa alternativa aos métodos convencionais de execuções de projetos, principalmente em tempos de crise econômica e mercado dinâmico, pois conforme dito, o método requer uma quantidade menor de colaboradores e em maioria das vezes é mais eficiente e veloz pelo fato de não possuir tanta burocracia como os métodos convencionais, sendo assim os projetos podem ser executados com prazos e custos menores, viabilizando assim seu andamento, logicamente uma transição de metodologia sem prévio treinamento poderia ser desastrosa ao projeto, inviabilizando assim a mudança, as metodologias ágeis devem ser implantadas de forma gradativa, com equipes pré selecionadas para serem disseminadas posteriormente a outros projetos similares.
4 Conclusão
Conclui-se que através das metodologias ágeis é possível obter melhores resultados, de forma simples e rápida, mas para isso é preciso de olhos abertos para a modernidade e atualização de processos, tendo em vista a sincronização e alinhamento de todas as disciplinas de uma organização, tais como, financeiro, recursos humanos, compras, etc.
Uma organização ou um projeto limpo, e eficiente, com maior possibilidade de perpetuação no mercado devido a boa aceitação dos clientes parceiros.
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Esse artigo faz parte de uma série que foi desenvolvida pela turma do curso de Pós-graduação de Gestão de Projetos de Engenharia do UNI-BH, com a orientação do Elienay Marçal Fialho Fuly. Veja a programação de publicação dessa série:
Referências
DEVE MIDIA. –Projetos. 2018. Disponível em < https://www.devmedia.com.br>. Acesso em: 16 set 2018
Eder, S. (2014). Diferenciando as abordagens tradicional e ágil de gerenciamento de projetos PRODUCTION, 16
Santos, M. d. (2004). Comparação entre metodologias agéis e tradicionais para o desenvolvimento de software. UNIPAC, 6.
ABNT – NBR 10520: Informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação. Rio de Janeiro, ago. 2002. 7 p.
ABNT – NBR 14724: Informação e documentação – Trabalhos Acadêmicos – Apresentação. Rio de Janeiro, maio 2005. 9 p.
MICHEL, M. H. Metodologia de Pesquisa Científica em Ciências Sociais. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2005. 141 p. ISBN: 85-224-4053-0.
Sobre os autores:
Aleonan Veloso Silva – Engenheiro Eletricista. UNIBH, 2018. Pós-graduando em Gestão de Projetos em engenharia pelo – Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH. Belo Horizonte, MG Aleonanveloso@yahoo.com.br.
Alexssander Porto – Engenheiro Mecânico. UNIBH, 2017. Pós-graduando em Gestão de Projetos em engenharia pelo – Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH. Belo Horizonte, MG porto@outlook.com
Fabio José da Cunha Figueredo – Engenheiro Civil. Escola de Engenharia Kennedy, 2009. Pós-graduando em Gestão de Projetos em engenharia pelo -Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH. Belo Horizonte, MG fabiocunhabr@globo.com
Ícaro Bernardo Coelho da Silva – Engenheiro Eletricista. UNIBH, 2017. Pós-graduando em Gestão de Projetos em engenharia pelo – Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH. Belo Horizonte, MG – ickbernado@gmail.com
Lucas Rodrigues Viana – Engenheiro Mecânico. UNIBH, 2017. Pós-graduando em Gestão de Projetos em engenharia pelo – Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH. Belo Horizonte, MG r.viana@outlook.com
Elienay Marçal Fialho Fuly (ORIENTADOR) – Graduado em Engenharia de Produção, Pós-graduado em Engenharia de Produção Enxuta / Melhoria Contínua, MBA em Administração de Projetos e MBA Executivo em Gestão de Negócios. Atualmente atua como Engenheiro de Processos Sênior no ramo automotivo. É professor de cursos de pós-graduação nas áreas de Gestão de Projetos, Engenharia de Custos & Orçamentos e Matemática Financeira Aplicada. É consultor de soluções em Engenharia de Processos e Melhoria Contínua desde 2014. É palestrante em temas de Gestão de Projetos, Redução de Custo, Engenharia de Planejamento, Engenharia de Produção, Melhoria Contínua e Matemática Financeira. Possui experiências nas áreas de Gestão e Engenharia de Processos, Produção, Qualidade e Administração de Contratos. E-mail de contato: elienayfuly@gmail.com.
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